terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Ano novo

A vida dá um sem fim de oportunidades, contudo, invisíveis e é preciso rasgar a camada superficial da vida  para as percerbemos. Tal e qual uma mina de ouro debaixo dos nossos pés...se ficarmos parados nunca a vamos descobrir.  É preciso agarrar na picareta. 

Acredito que o "destino" nos cruze e nos coloque  desígnios no caminho, contudo, também acredito que é a nossa vontade de trilhar um determinado caminho que pode rasgar essa camada superficial e abrir um caminho de riqueza emocional , com o risco de que se nada fizermos, nada de fantástico nos vai acontecer.

Os meus votos de ano novo, é que cada um de nos seja capaz de trilhar o seu caminho e que tenha garras para rasgar as camadas superficiais da vida e encontrar todo um mundo de oportunidades.

Podemos ser fantatiscos, mas se ficarmos parados em casa a ver TV, é a mesma coisa que sermos a mais básica amiba. A maior das masmorras, é da camisa de forças que vestimos a nós mesmos por pensar em pequeno. Como diria Zapata, mais vale morrer de pé do que viver de joelhos - arrisquem. 

sábado, 28 de dezembro de 2013

Sem Natal

As reportagens e a histórias de pobres e enjeitados, pintados de tristes "só" porque não têm Natal, enjoa. Enjoa, especialmente, porque é uma criação, um querer fazer acreditar que só aqueles "desgraçados" é que não têm Natal, o resto do mundo sim, e feliz.

O que não falta no mundo é gente sem Natal ora porque está a trabalhar, ou porque esta fora, ou que não tendo motivo nenhum, simplesmente não tem porque não tem. Vende-se muito a ideia do Natal em família e perfeito, mas estou em crer que ha, no mundo, mais famílias desfuncionais que perfeitas e como tal, deixe-mo-nos de comiseração, porque chato (infeliz) é ser pobre e miserável o ano inteiro e não apenas numa noite por ano.

E pronto, é esta a mensagem de Natal do Sujeito, com predicado (sejamos pragmáticos e olhemos a vida de frente e não a olhar para baixo).

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Euforia do regresso

Um pouco por todo o lado, as mensagens eufóricas daqueles que andam por esse mundo fora e agora se vêem a horas de embarcar para Portugal para a pausa se Natal, espalham-se pela internet.

Compreendo muito bem (porque já senti na pele), essa euforia de voltar ao mais próximo que se tem de lar. Embora pareça fácil, até pelas fotos de jantares de lagosta ou praia em dezembro, é de facto difícil e a euforia só é justificada pela dimensão das dificuldades.

Passar muito tempo, demasiado talvez, em determinadas geografias tem essa propriedade - a de se ficar eufórico com o que seria nosso por direito. A típica "regra" do perder para valorizar.

Por outro lado, os que já cá estão, e bem, nunca conseguem sentir a euforia de recuperar nem que seja por pouco tempo, aquilo que nunca perderam.
Voltamos à temática de saber aproveitar o que temos e quando temos, será verdadeiramente possível ou é preciso a chamada experiência de vida para perceber isso tudo? 

Vale a pena os baixos para valorizar (ainda mais) o altos? Existirá mesmo  uma "mediocridade monótona na regularidade"?

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Casa


Chegar, ao fim de semanas,  e ser recebido pela Sra do check-in tal com familiaridade tal que parece que sai dali ontem deixou-me com o sentimento confortavel de ser reconhecido como “o filho que torna a casa” e por outro lado com o reconhecimento triste que isso, provavelmente , se deve ao facto de ter passado demasiadas noites ali (não tantas para experimentar todos os quartos, mas quase).  
 
E isso, de me “sentir em casa” num hotel, não pode ser coisa boa.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Estar so, sem estar so

A proposito da morte de Mandela, o homem que esteve casado 34 anos com uma mulher, dos quais 30 preso,  e de quem se divorciou apenas 2 anos depois de libertado. Alegadamente tera dito que “foi o homem mais solitario do mundo nos dois anos apos a liberdade”.

Fernando Pessoa abordou o tema. Hemingway também -  A pior das solidões é aquela que se vive acompanhado.

É de facto significante. Alguem que viveu 30 anos em condições de isolamento, achar (alegadamente) que mais solitario do que estar so, é estar so ao lado de alguém. 

Aparentemente a pior das masmorras não é da solidão per si – essa parece que se aceita, mas sim  a da solidão de se estar acompanhado sem estar. De esperar e não ter. De ser suposto e não ser.
No fundo, é tudo uma questão de expectativa (porra, somos mesmo pavlovianos).

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Madiba

Agora que o Madiba Mandela morreu, as pessoas vão chorar, vão publicar mensagenes de condolências, vão bater em latas, vão fazer homenagens, vão anunciar a sua grande obra (ainda que a maioria ignore ao certo qual foi) e vão dizer que o mundo fica mais pobre.

O mundo contudo não fica mais pobre, porque nunca deixou de o ser, uma vez que amanha (ou logo), as mesmas pessoas vão continuar a comer o seu jantarinho enquanto passam desigualdades na TV e vão dizer que é muita pena ser assim, mas que não podem fazer nada, uma vez que aparentemente aceitam bem que nascemos desiguais e como tal teremos vidas desiguais. As mensagens são bonitas, porem inuteis quando desprovidas de acções.

Madiba, foste grande e abdicaste de muito em prole de uma causa, porem e embora oficialmente muitas das desigualdades tenham pomposamente terminado, continuamos (uns mais que outros), a viver agrilhoados pelo flagelo da desigualdade.

Por isso, seria positivo que, por uma vez que fosse, aqueles que se estão nas tintas para os que sucumbem em Africa e e noutros sitios, se calassem e deixassem hoje a hipocria de lado e que evitassem verborreias acerca de opressão e racismo, mais que não fosse por respeito ao defunto.

E é isto. Provavelmente daqui a um ano havera um concerto em Wimbledon para celebrar a efemeride e haverão foguetes e o  Bono dos U2 ira fazer uma musica para o evento e tudo.


Depois, a coisa vai-se diluir no tempo e devera ficar restrita a uma casa museu e a umas canecas com a cara do Madiba. O mundo....o mundo continuara desigual (como si mesmo)...


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O comboio

Na vida é comum dizermos que, se fosse hoje, fazia diferente. E esse se é importante, porque surge depois da acção, ou seja...só conseguimos aferir o real peso das nossas acções e decisões depois de elas estarem tomadas, quando já "é tarde".

É isso e uma certa incapacidade humana para detectar os problemas enquanto ainda não o são verdadeiramente, ou seja, a importância  do problema só nos percorre a espinha quando percebemos que o mesmo já não será resoluvel de forma  pacífica.

Até lá, procrastinamos...adiamos demasiadas vezes decisões resolutivas, acomodamo-nos demasiadamente a habituações que só avultam a matéria e escondem a vida. Apanhamos o comboio da rotina até ao dia em que ele descarrila e em que somos chamados a acordar é a perceber que podíamos ter saído ha 10 estações atrás. 


Fica para um dia...esse dia pode ser tarde demais. O "hoje" devia ser um dia demasiado importante para o ocupar demasiadamente a pensar no "amanhã". Até porque os planos, são a única certeza pela qual a vida não passará.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Cunhal, do homem e da obra

Aproveitando o 25 de Novembro, são varias as publicações que têm dedicado artigos ao centenário de Álvaro Cunhal. E o espectáculo tem sido triste. Triste, porque a maioria dos artigo que li se versava muito mais no homem do que na obra. No seus 100 anos, fala-se do seu charme, no seu estilo misterioso, no porque de usar camisas, nos excelentes nos de gravata, numa vida afectuosa com affairs dignos da "Nova Gente". 

Goste-se ou não, Álvaro Cunhal foi sem duvida um personagem incontornável da historia recente de Portugal. Álvaro Cunhal, pautou-se (ou esforçou-se) para se apagar a si próprio em detrimento dos seus ideais (aos quais terá sido fiel?). Álvaro Cunhal, terá tentado, aparentemente, demitir-se de vénias pessoais em conformidade com os seus ideais anti personificação do culto e em prole do comum. Álvaro Cunhal, tinha contudo carisma.

E aqui reside o fel do homem - no carisma. 

Apesar de Manuel Tiago ter dedicado boa parte (quase toda) da vida a, supostamente, defender, desenvolver, implementar um conjunto de ideais que buscam neutralizar o homem em prole da comunidade. Que buscam enfatizar a força colectiva e reduzir o talento individual, que buscam eliminar celebrações pessoais, fazendo-as de todos, que buscam mostrar que é possível sermos conjunto e não uno...o triste...o triste disso é que nas comemorações dos seus 100 anos, a única coisa que haja a comemorar sejam os seus tiques pessoais, o culto da sua personalidade, o seu endeusamento, a sua elevação acima do comum mortal..o enfatizar do seu carisma.

No fundo, faz tanto sentido como o individuo que é vitima de cancro sem nunca ter fumado na vida. é uma infeliz espécie de dissertação que remete comunismo mais a uma questão de estilo do que ideologia.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O badocha de serviço

AVISO: As palavras que se seguem são preconceituosas – não recomendáveis a pessoas com salamaleques.
O almoço de sushi deixou-me a boca seca. Entro na copa com o objectivo de saquear uma garrafa de agua e constato com uma festa de despedida de alguém (os empregos são sempre como os Alfa Romeu - temos duas alegrias,a do primeiro e a do ultimo dia).

No meio daquele espectáculo triste e povoado de deprimidos frustrados com o tempo, com a Pepsi e provavelmente com o seu aspecto de falso blaze e recheado a bolo de chocolate da bimby, eis que o badocha de serviço entra em acção (certamente na ânsia gorada de ser o engraçado e talvez sacar um sorriso da "Vera Vanessa" que trata dos balancetes), e, achando-se um Dody Al-fayed e esquecendo-se que verme, saca do seu android dos pobres (espertos, quero dizer) e achou boa ideia grunhir:

“Querem ver o que a minha empregada(bem salientado) escreveu no blog dela? (rindo-se)”, a seguir recita três ou quatro entradas, provavelmente pouco providas de senso literário mas batidas a emoção, sempre em tom jocoso, próprio de quem precisa de “bater” em alguém para obter aprovação do quarterback.

Primeiro, o termo empregada é descabido. Isso seria aplicável se ele lhe pagasse um salário e tivesse assinado um contrato. O mais certo é ele pagar por um serviço, seja do que for (e no caso dele deve pagar serviços de muita coisa). O balofo estava portanto a armar-se aos cucos.

Segundo, é triste que pessoas que aparentemente têm vontade de se expressar de forma mais emotiva, tenham que se submeter ao escrutínio e a ao serviço de flácidos intelectuais.

Terceiro, é lamentável que a pratica “bully” seja a única admissível a pessoas sem auto-estima para impressionarem as “Veras Vanessas” deste mundo.

Quarto, eu juro que sou boa pessoa, mas quando tenho a boca seca e vejo gente parva, transformo-me numa espécie de Carrilho contra Barbara (mais ao nível da escrita criativa).

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Radio

Na era da super informação instantânea, uma coisa que me continua encher os pulmões de pujança anímica é a radio.

A radio em directo, perceba-se. Quero dizer, naqueles momentos da pratica da solidão, numa noitada de trabalho, numa madrugada de folia, ou numa viagem matutina (ou até numa depressão dominical), haverá melhor tónico que ouvir pessoas a falar com pessoas? Falando por mim, acho que é bastante revigorante esse sentir que há vida do outro lado, que há mais um dia a começar, que o mundo se move na sua velocidade cruzeiro, independentemente da nossa circunstancia pessoal – No fundo a agradável confirmação de que se nos ficarmos hoje, amanhã haverá um novo dia.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Da frustração...


As recentes separações de alguns mediáticos, bem regadas a "faca e alguidar", de diferente daquilo que acontece aos molhos um pouco por todo o lado, só tem mesmo o facto de aparecerem na capa de alguns periódicos e deixar espaço para que todos opinem com desconhecimento de causa.

Isto para dizer  que, em muitíssimos casos, pessoas aparentemente sóbrias e intelectualmente estáveis, entram em descompensação e tomam atitudes que não lembra ao diabo - independentemente do estatuto social, económico ou académico (o nível de conhecimento da populaça é que varia). 

Descartando os casamentos por conveniência, ou por imposição familiar, não acredito que essa alteração comportamental inesperada (não sendo por vezes tão inesperada assim) esteja relacionada com o fim propriamente dito, estando muito mais ligada a uma deficiência congénita da digestão de frustrações que assola muitos humanos desde pequeninos.

Em boa verdade, é apenas uma variante madura das birras das crianças e é liquido: Humanos têm dificuldade em lidar com a frustração e só a experiência e maturidade suavizavam essa hecatombe de emoções efervescentes (ou deviam). A realidade prova que, in extremis, a maturidade só refina o método da "birra", numa versão não muito diferente do clássico "se eu não posso ter este brinquedo, mais ninguém pode ter". 

Isto leva-me finalmente ao que me traz aqui hoje...é que uma relação (seja de que tipo for), só termina no dia em que termina para uma das partes, na maioria dos casos já terminou para a outra parte muito tempo antes. E é aqui, nesse fim a dois tempos, que reside a violência do fim. O que dilacera não é tanto o fim, mas a confrontação de que não fomos capazes de perceber o que se passava a nossa volta. A frustração de aceitar que o barco zarpou e nos ficamos distraídos no cais "a espera". No limite, a ingestão de termos afincadamente trabalhado e investido num projecto falido. 

So a maturidade intelectual poderá suavizar os efeitos desta revolta de sermos confrontados com uma realidade diferente da que tínhamos como referencia. é natural que o agitar do pano que nos serve como chão nos deixe confusos, o que já não é para todos é o recato enquanto durar essa confusão.

Como  alguém (Garcia Marquez) disse: "Não chores porque terminou, sorri porque aconteceu", é muito bonito embora mais fácil de dizer do que fazer. 

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Da greve...

Sexta foi dia de greve geral da função publica. Para ser sincero não conheço profundamente todos os motivos, deixei de os conhecer quando percebi que num grosso das vezes estão em causa estão “direitos adquiridos” e outras coisas que por circunstancias da vida eu nunca adquiri.

Admito que as pessoas andem indignadas, (afinal é chato perder coisas e direitos e tal) e percebo que se manifestem para defender os interesses que são seus. O que tenho mais dificuldade em perceber é que de algum modo essas pessoas achem que os interesses delas são os meus interesses ou os interesses de uma sociedade, ou por si só uma coisa boa.

Em Portugal (e Europa em geral) é, de um ponto de vista socialmente correcto, proibido dizer-mo-nos contra manifestações (ou queixosos ou desfavorecidos) sem se levar automaticamente com o rotulo de ultra-liberal ou estúpido ou insensível .

E isto é hipócrita. É hipócrita porque aqueles que muitas vezes se manifestam , não o fazem por mim ou por nos, mas sim por eles e pelos interesses que lhes dizem estritamente respeito – doa a quem doer. A quem adquiriu direitos, pouco importa abdicar de alguns para os garantir a outros – o descrédito e desconfiança do ser humano para com o ser humano é tanta, que por defeito interessa mais garantir “o meu e dos meus” que dos outros ou nosso.

E desse ponto de vista é tão “terrorista” o carrasco que corta cabeças a eito como os guardiões dos intocáveis que, mesmo após a evidencia de um trajectória suicida, se recusam de forma construtiva a mudar o quer que seja. Faz lembrar um pouco a historia da ilha da Pascoa - uma sociedade que se extinguiu porque se recusou a ver o óbvio: O mundo esta em constante mudança e só os que se adaptam sobrevivem.

Por vezes para seguir em frente é preciso dar um passo atrás, e na vida não somos donos de nada – (só levamos a experiência), pelo que enquanto olharmos para a vida como algo que foi adquirido e não como algo que tem que ser conquistado todos os dias, haverá sempre os que se queixam de barriga cheia.

(tudo isto para dizer que fico indignado com tanto direito e coisa adquirida por parte de quem se instalou na altura certa enquanto outros estão condenados a um futuro cheio de nadas).

PS: Não sou contra as pessoas terem e defenderem continuar a ter (eu também tenho muita coisa que gosto de ter), assumam é que é um interesse pessoal ou de uma classe ou um privilegio. é uma coisa mais do ego que do sócio.

Da vida...

II

O ser humano é de habituações, e por mais que tenha, quando se habitua a ter, quer mais. É natural – se a ultima coca-cola do deserto me provoca uma imensa felicidade, uma coca-cola todos os dias só me provoca uma dilatação do estômago. E é este “defeito” humano de nos habituarmos ao que temos ao ponto de nos esquecermos ou de deixarmos de saber ser felizes com tudo o que temos, que nos impulsiona para uma trajectória por vezes trágica ou se quisermos egoísta.

É do apanágio popular dizer que só damos valor ao que temos depois de o perdermos e a verdade é que o mundo esta cheio de gente infeliz com tudo, e feliz sem nada. Também não é menos verdade que momentos que nos abanam muito a vida (a chamada experiência de vida), nos fazem valorizar o fundamental – que é a vida. Dai o proverbio “nunca digas esta agua não beberei” – é muito mais um conjunto de circunstancias que nos faz agir, sentir e adoptar certo comportamento, do que a teoria e o que achamos que somos.

Tudo isto para concluir, que o fundamental da infelicidade é inexperiência de vida (o que não significa que infelicidade seja opção).

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Da vida...

I

A morte de 92 imigrantes no deserto ou os crescentes raptos em Angola e Moçambique (entre outros países) tem uma base comum: Pessoas que saem do seu pais para se abalançarem a hipotéticas condições de vida melhores.

Hipotéticas, porque creio que a maioria sonha sempre com algo que não existe, com algo que é ficcionado. A realidade nunca corresponde a imagem que criamos de determinado pais...a realidade vem trazer uma espécie de equilíbrio – se por um lado os aspectos negativos se revelam menos negativos, os aspectos  “de sonho” também se revelam mais banais. Contudo isso é irrelevante...no momento de se atirarem ou deserto ou de se meterem num avião com destino incerto, o que os move é o motor da esperança alimentada pelo desespero que de algum modo se lhes esta entranhado nos ossos. 

Aqui reside, a meu ver, a maior das limitações humanas. Se por um lado carências físicas varias motivam ser humanos para desafios tremendos e para um maior desenvolvimento dos vínculos emocionais entre pessoas, por outro lado, uma sociedade prospera tende a ser farta em tudo menos em relações humanas. E se será horrível viver em condições de morte, não deixa de ser frustrante ser infeliz numa sociedade farta e é ai que a nossa limitação animal reside – é que somos capazes de nos sacrificar de vida em busca de alimento, mas dificilmente nos sacrificamos de vida em busca de harmonia em pessoas.

Na verdade, se tivermos de barriguinha cheia, deixa-mo-nos definhar num mundo autista. O mundo será sempre um lugar estranho enquanto for possível haver desequilíbrios tais, que seja aceitável que alguns se sacrifiquem ou sejam sacrificados gratuitamente enquanto outros assistem de mão atadas, ainda que eles próprios envolvidos num novelo em que não e liquido serem felizes e muito menos terem condições de mudarem o quer que seja.  Não é que as pessoas sejam egoístas, vivem é “prisioneiras” de uma sociedade maximizada para o consumo e rápido!

(ideia em desenvolvimento...)

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Carrilho e Baba

A recente historia de faca e alguidar entre Barbara e Carrilho, da qual não vou tecer comentários por se tratar da vida privada de cada um, só me faz lembrar o popular ditado “em casa de ferreiro, espero de pau”. O que a realidade e os factos nos evidencia, é que na hora da verdade, quando lhes acontece a eles, quando a pele começa a aquecer, os “especialistas”, deixam de o ser e comportam-se de acordo com o seu intimo. O seu eu interior sai do fundo do iceberg e emerge até ficar visível – sem teorias, sem especialidades. Cada um tal como é – in cold blood.

Isto, porque seria de esperar que um filosofo, professor, ex-ministro, e vivente nos seus 60 anos, tivesse mais senso e inteligência social, antes de vir enxovalhar a futura ex-mulher em praça publica. Não sei os motivos do futuro divorcio e até posso conceber que Carrilho sinta uma profunda revolta e frustração com a futura ex-mulher, o que não compreendo é que ele entre numa lógica de escândalo que só ira provocar danos irreversíveis e consequências desastrosas para ele a para a relação forçada que ira ter com a mulher (e filhos).

Do ponto de vista filosófico, social ou até racional, Carrilho, até ver, tem demonstrado ser simplesmente um idiota e ter um desenvolvimento psicomotor ao nível do rural que queima a ex-namorada com acido, apenas porque não sabe lidar com a rejeição...

Concluo dizendo que é sempre muito mais fácil criticar do que fazer e dai eu pessoalmente ser um pouco adverso a tantos comentadores de bancada, acomodados ao seu lugar de comentadores, mas que na hora da verdade se comportam com alarves. Experiência de vida é tudo.

Acontecer aos outros

Ha um conjunto que coisas que, de certo modo, achamos sempre que so acontecem aos outros até ao dia em que nos acontecem a nos – isto é mais ou menos uma verdade de La Palice.

Depois há o conjunto de coisas que nos acontece a nos e achamos que nunca acontece aos outros – isto é mais ou menos o mindset do português médio típico. Ou seja, ter um mau emprego, ganhar mal, morar numa casa péssima, ter um carro que avaria e um cão que ladra, são coisas que nos acontecem só a nos e nunca aos outros, porque os outros enfrentam uma vida perfeita de sorte espectacular com empregos de sonho e bem remunerados, chefes com inteligência, férias no Cacém de baixo e mulheres de sonho sem ser em sonhos e porque nos merecemos penar por sermos baixos, fracos, feios.

Quando um mamífero humano se destaca do malharal, facilmente se cria a ideia de intocável, ídolo e perfeito e depois há quem acredite mesmo que as pessoas são mesmo imunes a problemas. Como se tivessem tomado um tónico da felicidade ao ponto de os “comuns” se indignarem com a por vezes evidente infelicidade de quem “tem tudo” para ser feliz.

A ver se entendemos, somos todos pessoas, somos todos farinha do mesmo saco e ninguém tem tudo para ser feliz só porque se destacou em determinada área. Os outros são pessoas como nos e, tirando o Chuck Norris, todos podemos estar sujeitos as mesmas provações. Se tivermos que meter tudo numa balança, até diria que quem atinge sucesso esplendoroso em determinada área tem mais dificuldade em encontrar o equilibro nas outras – como se de uma maldição se tratasse.

Portanto, gente infeliz, ressabiada e invejosa (uma boa parte da população do mundo), deixem se comiserarem por si mesmos e mentalizem-se que coisas mas (e boas) acontecem a pessoas boas (e mas), independentemente das virtudes pessoais dos sujeitos na aleatoriedade incrível que caracteriza a vida.

E lembrem-se, até um dos ícones femininos, sexuais, libertinos e outros quejandos (Madonna) já foi vitima de traição, violência domestica e abandono – tal e qual uma dona de casa gordurosa, flácida e desesperada.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Angola Portugal

A recente tensão Angola-Portugal, embora esteja pintada de muito complexa, é na verdade simples. 

De uma lado lideres indubitavelmente corruptos que desejam que nada, nem do outro lado do oceano, seja investigado e que querem manter o seu status quo – ao estilo rico arrogante que não esta para ser investigado.

Do outro lado, um sistema judicial que se diz isento, mas do qual resultou uma fuga ao segredo de justiça e o modo arrogante como lidou com essa fuga - ao estilo são todos uma cambada de corruptos e portanto que importa julgamentos sumários em praça publica?

A acrescentar, o péssimo sentido de oportunidade e de estado do ministro Machete, seria difícil fazer pior e parado e calado errava menos (um relógio parado, esta certo duas vezes por dia).

Finalizando, a ferida aberta só mostra o modo como esta construída a relação aleivosa entre Portugal e Angola...de um lado um portento económico com necessidades de afirmação interna e externamente, do outro, um pais paupérrimo que se diz defensor da ética, mas que faz o que for preciso para receber o soldo.

Inocências e hipocrisias na prateleira, o tema é sensível e as escolhas difíceis...todos somos defensores da ética, justiça e transparência, mas quantos de nos abdicariam do conforto pessoal em prole disso? Diria que o que esta na mesa é uma coisa do tipo “justiça, doa a quem doer” e enfrentamos as consequências (economicamente avassaladoras ) disso, ou então somos uma espécie de prostibulo europeu e mais vale deixar-mo-nos de investigações bacocas e bora mas é fazer negociatas.

Entretanto na minha opinião pessoal, acho que a sério, a sério, a sério, diria que a 89% dos portugueses pouco interessa a corrupção e nível de vida em Angola , desde que facturem o seu e que as coisas mexam e já agora não passem fome. A própria atitude, autista, de muitos dos que la vivem é essa...e como tal, é de facto um pouco hipócrita que se façam investigações em solo português acerca de negócios angolanos, quando tanto esquema e corrupção passa impune em solo nacional. Quem nos houve parece que somos campeões da transparência. Não atires pedras se tens telhados de vidro e não mordas a mão que te alimenta. As vezes parece que estamos em 1973.

Coisas boas

Apanhar uma corrida de táxi em Lisboa, sermos quase abalroados por uma condutora e termos um um taxista que grita "o marido não a coçou a noite e agora deve querer que aqui o taxista a vá coçar, mas não da porque esta murcho". Enquanto o meu colega francês esboça um ar confuso, eu sorriu e lembro-me do porque de preferir o "Zé Manel taxista" ao "Bernard chauffer". 

Maravilha.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Pobre com charme

Ser pobre em Portugal é algo quase tão natural como a sede...ninguém no mundo fica surpreendido por conhecer um pobre português, nem ser pobre é sinonimo de frustração e muito menos significa que a pessoa seja zero a tudo. Simplesmente acontece...Um pais em crise e pobre, tem gente pobre. 

Pode até haver o maior incompetente em tudo, preguiçoso, execrável, etc, que até esse se pode esconder no escudo da pobreza da nação e dizer que a culpa não é dele, é do pais.
Para além disso, um pobre em Portugal é mais um..ninguém nota e tem muitos pares. Tanto que as pessoas até chegam a ver charme nisso. É isso, a pobreza em Portugal tem charme...somos mesmo especiais..todos os estrangeiros com que me cruzo e que conhecem Portugal me dizem o mesmo “a nossa pobreza tem piada, tanta que parece propositada”. Enfim, o que lhes digo é que são tantos anos (tipo todos) de pobreza, que transformamos isso em fado e até parece coisa boa. As ruas não estão sujas, têm é personalidade.

Por outro lado, o que será de um pobre na Alemanha? De certeza que muito pior que em Portugal. Não lhe basta ser pobre e quiçá miserável, como ainda tem que viver com frustração de o ser num pais rico. De que lhe vale a riqueza do pais se ele é pobre? Nem nas esmolas ganha mais, pois é sabido que só pobre da esmola. Tudo isso e ainda tem a dupla dose de ele ser, provavelmente, visto como a causa da própria pobreza. Isso e sem piada, nem brio, nem estilo nem charme.

Estamos portanto, os portugueses, em condições de vantagem em relação aos povos europeus....concorrência desleal diria....num mundo e futuro que se prevê de pobreza e mudança, temos 1140 anos de vantagem.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Relatividade hospitalar

A cereja no topo do bolo da relatividade de tudo, é o ambiente hospitalar.

De facto é um ambiente que pauta por uma hibridez de sentimentos...Recordo-me de uma vez em que fui fazer um exame médico e no momento em que fui surpreendido por um resultado que não era o esperado, no exacto do momento em que o chão parecia flutuar, em que o mundo parecia que ia acabar, não é que o raio do técnico decidiu ligar a um amigo para combinar um ida ao cinema?

Assim, enquanto eu via (no calor do momento) a minha vida andar para trás , alguém estava apenas a fazer o seu trabalho, a sua rotina, mais um dia – e bom pelo vistos!

É assim que vejo os ambientes hospitalares....sítios marcantes e altamente pesados do ponto de vista sentimental para uns e ao mesmo tempo, aprazíveis locais de trabalho e de vida para outros.

Nunca alegria, normalidade e tristeza habitaram tão bem o mesmo espaço...Chamem-me sentimentalista, mas acho que haveria de haver um decreto que proibisse que profissionais da saúde de actuarem como pessoas felizes da vida no momento em que outros recebem de chofre a noticia de que eles ou os deles têm não sei que não sei onde.

Ao mesmo tempo, acho o ambiente interessante...Este convívio tristeza/banalidade mais não é que uma prova (mais) uma, que na vida só custa o habito, o resto é rotina.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Acontecer o que acontece aos outros

A vida seria muito mais fácil se fosse simples fazer aquilo que racionalmente sabemos dever ser feito. Mas a triste verdade é que, amiúde e para a maioria, apesar de tantas vezes sabermos o que fazer, de tantas vezes nos mentalizarmos que em determinada situação, agiríamos de determinada maneira e de tantas vezes nos surpreendermos até com a reacção (estúpida) que pessoas têm a determinados estímulos, a verdade (verdadinha) é que na hora da decisão, quando nos calha a nos o que só acontece aos outros...ai tudo muda....

Vai-se o racional e vem o o emocional. E ai, apesar de termos passado a vida a achar racionalmente que sabíamos o que fazer, percebemos que afinal não – na vida e nos grande estímulos, a maneira como reagimos é o acumulado da nossa experiência de vida e não o acumulado de enciclopédias lidas.

Tudo isto para concluir duas coisas:

Especialistas em determinadas áreas podem ter falhado nessas áreas que não deixam de ser especialistas e competentes por isso (por exemplo conselheiros matrimoniais ou psicólogos);

Senhoras e Mulheres que se escandalizam por que outras senhoras, mulheres ou jovens admitem coisas que elas nunca admitiriam só significa que as primeiras têm falta de experiência de vida e ainda acreditam no pai natal ou então insistem em continuar no erro de não aceitar que na vida todos temos altos e baixos e que nos altos é sempre fácil e simples tomar decisões pragmáticas, mas que nos baixos tudo se torna turvo e desfocado.

E quem diz senhoras e mulheres, diz outra coisa qualquer....eu é que sou o género de individuo que faz distinções de género.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Secret Porn

Depois do que me explicaram hoje, fiquei com a ideia de que se alguém assumir aqui que tem uma conta no youporn para ver nos sábados à noite, é depravado e tarado, mas que se vir sexo ao vivo debaixo de lençóis todos os dias (secret story), e em família, esta dentro da maioria dos telespectadores e portanto porreiro.

Conclusões a tirar:

Contas no youporn são inúteis;

Como é que me distrai e secret story já vai na sexta edição e eu não vi um sequer episódio?

Estação de serviço

Numa estação serviço perdida, entro com objecto de encher o depósito e enquanto me degladio com um funcionário franzino e intimidado (parece que é complicado atestar viaturas às três da manha), ouve-se do fundo um ruído de algazarra. Quatro maduros bebem cervejas, ébrios e de cara envermelhada, falam alto e gabam-se dos feitos que (não) fizeram e discutem motores de Porsche Carrera, tudo isso talvez numa tentativa de acreditarem neles próprios ou talvez na esperança de abafar o ruído ensurdecedor do silêncio de uma vida de solidão que lhes esta marcada a ferros nas rugas da cara e no abdómen dilatado.

Olho despercebidamente, e tiro uma foto ao momento enquanto penso no valor e na diferença que uma mulher traz à vida - seja como companheira, como amiga ou como simples camarada numa noite de copos. O sol quando nasce é para todos, mas só algumas flores o tornam dourado.

Feios e Enjeitados

Estou em crer que a maioria dos feios e enjeitados do mundo daria um rim para estar no grupo dos bonitos e charmosos. E esta moeda a dar em troca por uma tromba linda aumenta na mesma medida que a burrice dos sujeitos e sujeitas - a crescente conta bancaria de qualquer artista da estética é prova disso, embora essa demanda seja algo infrutífera pois é sabido que não há mulheres feias (o que há é mulheres mal arranjadas) e que o maior charme de um homem não esta nos abdominais tonificados, mas sim na atitude.

Excluindo os outsiders, ou seja aqueles que são mesmo horríveis ou com um hálito a favas com chouriço, há na verdade muito mais vantagens em ser feinha ou feinho que bela e arrasador. Vejamos (para ler num misto de boa disposição com verdades pelo meio):

As feias podem ter sempre a certeza que os seus amores as amam pelo seu carácter e personalidade e não porque o gajo quer dar umas boas;

As feias não são vitimas de assédio sexual e é menos provável que sejam violadas;

As feias não são vitimas da inveja das amigas giras;

As feias, por partirem de uma desvantagem, são mais empenhadas nas relações e como tal com mais probabilidade de sucesso em relações duradouras;

As feias têm que se esforçar mais para serem atraentes e com tal refinam o bom gosto, ao que as bonitas podem facilmente cair no conceito de “ar de badalhoca”;

As feias têm menos depressão pós parto, porque já eram menos atraentes;

A burrice quando aparece concomitantemente com a beleza da geralmente resultados mais catastróficos (do ponto de vista da infelicidade) do que a combinação feiura + burrice;

Pessoas bonitas divorciam-se mais, pois ao serem atractivas, atraem naturalmente outras pessoas e podem criar-se oportunidades e dilemas a que as feias e feios não têm que se sujeitar nem predicar (ao estilo de fidelidade por falta de oportunidade).

Preconceitos e generalizações aparte, a imagem interfere de facto naquilo que somos e sem duvida que não é liquido que ter mais beleza física constitua de facto uma vantagem para o caminho da felicidade (excepto para os que querem ser modelos desde pequeninos) e a melhor das imagens esta sempre muito mais ligada as atitudes e maneira de estar que a outra coisa qualquer, sendo fundamental que nos sintamos confortáveis com o que Deus nos deu;

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Vida aleivosa

Percebemos que a vida é uma cadela aleivosa, quando premeia tantos por terem feito tão pouco e se esquece sistematicamente dos que batem com a cabeça na parede todos os dias. 

Pelo mesmo motivo, boa parte das femmes, sente ainda uma atracção monstra pelo prototipo do macho viril, independente e algo insensível (por vezes bruto). Até podem racionalizar, até podem gostar muito da companhia de um “buddy”, mas no fundo no fundo, o prémio vai para o mauzão e o outro cai na “friendzone”.

Coisas estranhas da vida ou resquícios do instinto de sobrevivência e propagação da espécie?

Uma coisa é certa, como diriam os irmão Cohen, este pais não é para velhos e atitude é tudo.

Felicidade

O que é que é melhor para a felicidade? 

Antecipar os problemas, evitando-os, e limitar-mo-nos a uma estabilidade que pode acabar em rotina (e desse modo diluir a felicidade)? 

Ou não antecipar nada e viver a explosão de felicidade que é resolver problemas?

Do mesmo modo numa relação...mais saudável uma coisa quente e assanhada com discussões, "facadas" e "tiros" e reconciliações ou uma coisa hiper calma e estável que faz lembrar o programa “oceano pacifico” da Renascença?

Comprar bilhete ou não

A primeira vez achei engraçado, a segunda coincidência...a terceira só pode ser habito. 

Num comboio, uma equipa de seis "picas" corpulentos entram na carruagem e posicionam-se estrategicamente, não ha escapatórias, começam a verificar os bilhetes e, mais uma vez, só estrangeiros têm título valido (deve ser o momento badboy dos parisienses). As coimas começam a surgir e dos autuados nem ai nem ui, apenas o cartão de credito a aparecer.

Nao houve tentativas de fuga, não houve olhares de carneiro mal morto, não houve desculpas, não houve dialogo.

Esta malta, para além de gostar de pagar coimas, terá noção que não tem sal nem sangue quente na vida?

As saudades que tenho de Lisboa, ai teria sido coisa para haver ali grandes dramas, grandes misérias pessoais, em cada transgressor uma desculpa credível, cada coima a alma de um fado.

Diálogos...

ELE: Não ficas surpreendido com a facilidade com que as pessoas se entregam sexualmente hoje em dia?

O OUTRO: Não...dizes isso porque o sexo ainda é tabu e coloca-lo num pedestal em que não devia estar. Hoje em dia as pessoas são mais livres e com menos pudor de viver prazeres momentaneamente.

ELE: Mas não achas que a sexualidade é um momento especial e indelével, intimo e que para ser valorizado não deve ser banalizado?

O OUTRO: Não, isso são coisas da moral e de anos de imposição religiosa. O homem deve estar mais próximo dos seus desejos, instintos e não se deve sentir limitado em partilhar a sua intimidade e desejos.

ELE: Certo, mas a copula do amor implica a entrega de um corpo contra o outro, implica energia, implica vontade, implica
partilha...não achas que isso deve ser algo reservado e limitado?

O OUTRO: A vida hoje em dia é demasiado instável, imprevisível e efémera e o sexo é apenas mais um reflexo disso.

Foi então que ELE percebeu que a confusão com o OUTRO se devia a ter feito muito mais amor do que sexo..

Outono em Paris

O Outono já chegou a Paris...As noites estão frescas, as manhas também e já sabem bem as bebidas quentes e o conforto de umas mangas de um casaco. Chuva pode acontecer, mas a cidade esta vibrante e agradavelmente luminosa. Paris é sem duvida uma cidade de Outono...a estação perfeita onde tudo parece encaixar...até os jardins parecem ter toda um dimensão outonal e os telhados negros dos edifícios ou a cor oxidada da torre que se vê de todo o lado dão uma atmosfera muito cinematográfica e ao mesmo tempo bastante revigorante, como uma verdadeira "rentrée" onde nos sentimos num filme cheio de glamour (e caraças, somos actores principais).

E esta simbiose de Paris e o Outono é interessante, especialmente porque sempre me esteve associada a um certo "mise en scène" francês – Lembra-me uma fase, por esta altura, em que me perdia nas salas do cinema S. Jorge entre as estreias e reposições que me trazia a “festa do cinema francês”. E durante anos foi assim – Não havia Setembro e Outono sem os filmes franceses e no baú das memorias ternas, tenho umas quantas das primeiras tardes menos quentes naquele imaginário - onde sem querer nos projectamos sempre um bocadinho. É com um sorriso aprazível que me lembro disso, dessas imagens, das longas metragens, das mãos dadas ou só imaginadas, das conversas do antes e do depois, e dos passeios na Av. Da Liberdade e, logo agora, que, sem querer, passei de espectador a personagem.

São assim os mistérios insondáveis que a vida nos guarda.

11 de Setembro

Um dia depois do aniversario do 11/09, começo por dizer que gosto de árabes...não do fundamentalismo (já la vamos), mas eu, que até já vivi uma temporada da minha vida num pais muçulmano, gosto da cultura árabe, das ruas cheias de gente, do modo de fazer comercio, de como tudo pode ser caótico, dos cheiros (alguns maus), dos mercados, dos ladrões com cara de ladrões, das regras (inexistentes) de condução , da maneira ilegal de trocar de divisas, do tipo e modo de beber café, das cabeças de borrego espetadas em paus a venda, do orgulho na contrafacção, dos controlos antes de apanhar um avião, do Ramadão (ok, nem tanto assim), dos 24 toques de Ala, das discotecas (isso é uma historia só “per si”) e até da forma (“astuta”) de como as mulheres se conseguem mostrar disponíveis para “o amor”. Enfim, podia passar dias a escrever e a contar historias e estorias , que a vida em países árabes é, resumidamente, uma aventura todos os dias e substancialmente diferente daquilo que se imagina.

Contudo os “meus” árabes não encaixam exactamente no perfil puramente fundamentalista. Quando leio que uma criança de 8 anos, morreu no Yeman devido a lesões internas provocadas durante a noite de núpcias (isso) depois de ter levado (isso) com o marido de 40 (anos), fico agonizado. É essa a vida de mulheres no médio oriente...na melhor (pior) das hipóteses, sobrevivem a noite de núpcias e vivem com cadelas (isso) o resto da vida, na pior (melhor) morrem logo no acto da desvirginização – nunca esse acontecimento deve ter sido tão determinante na vida de uma senhora.

Diz-se que os árabes do médio-oriente vivem na pré-historia. Bem que eu saiba, na pre-historia dava-se com paus nas cabeças das pessoas e vivíamos em grutas, mas, de que haja relatos, não era pratica corrente penetrar meninas até a morte. Também não sei se havia tecnologia para delapidar o clitóris das femme sapiens. Por outro lado, os árabes fundamentalistas de hoje em dia também não vivem em grutas (embora ainda se matem uns ou outros com paus).

Portanto, a questão não é serem atrasados (que o são) – é terem uma cultura que é simplesmente criminosa aos olhos de um homem normal e não me venham cá com respeito por culturas e tradições diferentes que toda e qualquer tolerância é só explicada por covardia e comodismo.

Covardia e comodismo, que no ocidente dito evoluído continuam ser os “plates du jour”. Depois do massacre no Rwanda, podiam os “evoluídos” ter evoluído qualquer coisa?

Bem, podiam..mas na verdade a maioria, depois de noticiado mais um massacre, continua calmamente a jantar e ao mais alto nível diplomático e “humanitário” também não interessa se morrem ou sofrem muitos – o que interessa é se morrem depressa (com armas químicas) ou se morrem devagar (com balas e espadas).

A diplomacia e legitimidade de intervenção de estrangeiros em conflitos internos tem que se lhe diga, e não me vou alongar, mas estaremos cientes (os ocidentais evoluídos) que o nosso modo de viver é verdadeiramente autista num mundo em transformação?

Ensino Superior

A lista de colocados no ensino superior é reveladora – Muitos dos cursos de engenharia civil não tiveram um único colocado, a maioria não teve mais de meia-dúzia e não houve uma única instituição a encher as vagas todas (nem os “creme de la creme” IST e FEUP).

Os motivos parecem-me óbvios, num pais em crise e com desinvestimento, o sector da construção é dos mais penalizados, contudo isso não justifica tudo, até porque há cursos cujas saídas profissionais são igualmente redutoras (ou piores) – por exemplo arquitectura ou enfermagem (mas não só), e tiveram ocupação praticamente total e com médias dignas de respeito.

Se por uma lado podemos discutir o excesso de oferta no ensino “engenhararia” – Um barracão e uns enjeitados facilmente obtêm uma licença de ensino, há outras conclusões a retirar:

O que me parece clarividente e conclusivo é que muitas pessoas continuam e continuarão a escolher cursos que independentemente de terem “saídas”, correspondem de alguma forma aquilo que acreditam ser a sua vocação e por outro lado a engenharia nunca foi uma escolha “por vocação”, mas sim pela vida sumptuosa e regada de luxos e bom gosto que caracteriza os engenheiros. Ninguém escolhe engenharia porque “gosta muito e deseja ser gestor de cenas para sempre” ou porque “tenho vocação para ajudar pobres” ou porque “sou criativo” ou “gosto de fazer desenhos”. Engenharia é profissão filha da mãe e as pessoas escolhem isso pelo retorno que isso possa representar (ponto).

(e quem diz engenharia, diz gestão, economia e outros quejandos mais dados aos resultados que aos sentimentos do praticante – ninguém me convence que alguém escolhe contabilidade ou finanças porque adora passar os dias a fazer balancetes e encontros de contas).

No meio disto tudo, só fico sem perceber o que leva centenas de milhar de pessoas a escolher direito (embora criativa, não é profissão dada a grandes aforismos sentimentais), penso que só pode ser pelas séries americanas cheias de advogadas (os) giras (os) e cheios de estilo e que resolvem problemas com mais pinta e glamour com que o seios (Pamela) resgatavam incautos do mar californiano.

Quanto a rede de politécnicos que brotou, no Portugal burguês dos anos 90, como cogumelos...é para fechar mesmo quando?

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Engenharia por vocação

A lista de colocados no ensino superior é reveladora – Muitos dos cursos de engenharia civil não tiveram um único colocado, a maioria não teve mais de meia-dúzia e não houve uma única instituição a encher as vagas todas (nem os “creme de la creme” IST e FEUP).

Os motivos parecem-me óbvios, num pais em crise e com desinvestimento, o sector da construção é dos mais penalizados, contudo isso não justifica tudo, até porque há cursos cujas saídas profissionais são igualmente redutoras (ou piores) – por exemplo arquitectura ou enfermagem (mas não só), e tiveram ocupação praticamente total e com médias dignas de respeito.

Se por uma lado podemos discutir o excesso de oferta no ensino “engenhararia” – Um barracão e uns enjeitados facilmente obtêm uma licença de ensino, há outras conclusões a retirar:

O que me parece clarividente e conclusivo é que muitas pessoas continuam e continuarão a escolher cursos que independentemente de terem “saídas”, correspondem de alguma forma aquilo que acreditam ser a sua vocação e por outro lado a engenharia nunca foi uma escolha “por vocação”, mas sim pela vida sumptuosa e regada de luxos e bom gosto que caracteriza os engenheiros. Ninguém escolhe engenharia porque “gosta muito e deseja ser gestor de cenas para sempre” ou porque “tenho vocação para ajudar pobres” ou porque “sou criativo” ou “gosto de fazer desenhos”. Engenharia é profissão filha da mãe e as pessoas escolhem isso pelo retorno que isso possa representar (ponto).

(e quem diz engenharia, diz gestão, economia e outros quejandos mais dados aos resultados que aos sentimentos do praticante – ninguém me convence que alguém escolhe contabilidade ou finanças porque adora passar os dias a fazer balancetes e encontros de contas).

No meio disto tudo, só fico sem perceber o que leva centenas de milhar de pessoas a escolher direito (embora criativa, não é profissão dada a grandes aforismos sentimentais), penso que só pode ser pelas séries americanas cheias de advogadas (os) giras (os) e cheios de estilo e que resolvem problemas com mais pinta e glamour com que o seios (Pamela) resgatavam incautos do mar californiano.

Quanto a rede de politécnicos que brotou, no Portugal burguês dos anos 90, como cogumelos...é para fechar mesmo quando?

Mais autarquicas

Estas autárquicas estão de facto a ser excitantes , uma verdadeira profilaxia para o bom humor e para nos relembrarmos que somos o povo mais interessante do mundo – sempre com boa disposição.

Para além da boa disposição, as eleições autárquicas parecem ter um imenso efeito catalisador na simpatia generalizada das pessoas e candidatos. Tem sido amiúde que sou interpolado (e sou apenas residente de fim de semana) por jovens candidatos sorridentes e disponíveis para discutir os problemas do “nosso bairro”. Deve ser um fenómeno astronómico, este que transforma, de 4 em 4 anos, gente normal em mister comunicação – é giro.

Esta certo que a politica é um jogo e uma festa, mas temos o que merecemos: A maioria prefere o “tipo fanfarrão (e talvez até bully) que é popular e charlatão” e pretere o “tipo que até tem ar de esperto, mas é meio calado e xoninhas” – No fundo escolhemos os lideres quase com o mesmo critério que escolheríamos uma cara metade (e ninguém escolhe, se tiver por onde escolher, tonhos) e isto é muito nosso: Podemos ser “uns ratos” mas ao fim do dia ou naquele jantar de amigos ou família, haveremos de ser o maiores, haveremos de ter mandado todos a merda, haveremos de ter feito isto e aquilo – São raros os portugueses que admitem de forma descomplexada que são tipos banais e que na maioria das vezes se “deixam comer”.

E é isto, o poder da imagem (ou uma imagem de poder), não é tudo ( mas é quase! ) e mais importante que saber fazer, é parecer que se sabe fazer.

Eu no meu caso só lamento é que ainda haja muitos mais candidatos que candidatas (giras de preferência).

Autarquicas

Para aqueles que acham "Gaiola dourada", um filme com demasiados clichés e que passa uma ideia demasiado simplória do portuguesismo, deviam estar mais atentos às eleições autárquicas. Sem duvida, a melhor comédia do ano e surreal ao ponto de envergonhar um qualquer David Linch. 

É tao natural e bucólico, que seria impossível ser imaginado.

Ao mesmo tempo, ha obvias oportunidades na área do design gráfico, marketing e comunicação...um caso de estudo.

Facebook

Numa fila, quatro mulheres árabes de burca enfiada, confraternizam entre si e consultam os seus smartphones com a pagina do FB em aberto...

Sou só eu, ou nos dias de hoje é um bocado ridículo "cobrir" a cara da mulher, para depois deixar em aberto a face das redes sociais?

Paris VS Lisboa

Coisas que vejo:

O nível de vida em Paris, não é absurdamente mais caro do que em Lisboa. Ha até coisas mais baratas, isto excluindo os cafés da "champs elysees" e "champs de mars". é certo que os hotéis são estupidamente caros e comer fora no centro de Paris tem tanto de agradável, chic e sofisticado como de estupidamente dispendioso. 

A habitação também é, em norma, mais cara e de inferior qualidade, mas os automóveis e transportes públicos são bastante em conta e a rede, nível de serviço e segurança bastante aceitáveis. As grandes cadeias internacionais (Zara, H&M, etc) vendem ao mesmo preço e o resto anda ela por ela. A dermocosmética é consideravelmente mais barata...

Em suma, na vida do dia-a-dia, o custo de vida poderá ser mais alto, mas não muito significativamente...os ordenados é que são o dobro (no mínimo), pelo que se torna evidente que a qualidade de vida/poder de compra do "Zé Tuga" é, de grosso, metade da do "Bernard Franciu".

E não me venham com a historia da produtividade e eficiência, porque isso é apenas algo que nos querem fazer acreditar para justificar tamanha "exploração" e pela minha experiência, é treta!

Não divagando sobre quem esta mal ou bem, Portugal, ao fim de 20 de Europa, continua (e continuara) a ser um Pais de papalvos sem que ninguém em particular (e todos ao mesmo tempo), tenha culpa disso.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Zé Manel taxista

Ja não é a primeira vez que falo sobre táxis...vou falar outra vez. 

Foi a segunda vez que me calhou o Sr. Zé Manel taxista (nome fictício suponho)...o verdadeiro estereotipo, o cliché em pessoa..um táxi e um taxista com tudo o que aquilo que podemos almejar a ter. Um sonho de menino materializado naquele C 190 retro style.

Imagino que não seja fácil o turno da noite, nem tão pouco é para mim começar a semana as 5 da manha (hei), mas graças a este Sr. chauffer, a madrugada é mais airosa.

A começar pela viatura revestida a tapetes do tipo "Arraiolos falsos", que, imagino eu, antes de se servirem de revestimento ao velho automóvel, tenham feito vez numa sala de estar suburbana. Depois, o emblema do Benfica pendurado do retrovisor, a estatueta de uma Santa bem pregada no tablier, e o fado "da mariquinhas" sintonizado bem alto na radio Amália. A acrescentar, o próprio figurino, nos seu 50 anos, magro, comido pelo tempo, cabelo fraco mas meio lambido para trás, voz arrastada das noites de bagaço, prendam-me a alvorada num vibrante "bom dia a despachar que tenho que fazer".

E assim, neste cenário de "Deus, Pátria e Família" (+Benfica), enquanto Amália se esganiça e apoquenta com a devoluta casa mariquinhas, sorri para mim e mais uma vez me despedi de uma cidade que ainda dorme.

(Uma vez aqui, calhar-me-ia um taxista magrebino, sem fado, sem moustache, sem piada, sem nada e recordei-me porque é que somos um povo "anti crise").

Comboio

Quando ando de comboio constato que todos somos personagens de um grande livro. E há com cada personagem, cada estória em cada rosto, cada silaba em cada expressão...gente é coisa gira.

Romeu e Julieta

Observando casais que andam aqui a cirandar é impressionante como na selva urbana parecem encaixar em si como peças de um puzzle. O beto com a beta, o chick com a chick(a), o freak com a freak (a), o intelectual com a intlectual(a). Nao haveria swing possível e nao haveria outra combinação possível, no que ao aspecto diz respeito. Sera significativo para o resto que somos? O que vale a imagem afinal numa relação? Somos educados para dizer que a imagem vale menos, mas o que o meus olhos vêm é que a imagem é o "matching point" ou então é só coincidência, o certo é que, aqui, não ha Romeu sem Julieta.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Carpe Diem

Se há coisa chata na vida é a (falta de) percepção dos momento em que estamos a atravessar.

Nem nenhuma crise, nem nenhum sucesso duram para sempre, o tempo encarrega-se de “normalizar” tudo e a dificuldade da percepção esbarra precisamente nessa fronteira.

Quantas vezes partimos de uma situação de crise e, por vezes tanto tempo depois, é que realizamos que afinal já não há crise? Quantas vezes o sentimento que nos puxa para o miserável é o que nos esta a ofuscar a vista do bem estar ali ao lado?

O contrario é ainda mais verdade...quanto tempo dura a “bazofia” pós sucesso? Por quanto tempo conseguimos viver um presente medíocre agarrados a grandes feitos do passado? Quanto tempo demora a perceber que afinal o que éramos já não somos?

Diria, por experiência, que nos bons e nos maus momentos estamos a salvo...nos bons, porque estamos numa boa altura e com boa capacidade de decisão, nos maus, porque sentimos que estamos mal e evitamos decidir. O problema aparece no meio desses estados de alma de difícil contorno e que por vezes nos leva a tomar mas decisões ou pior, decisão nenhuma.

O problema surge sempre porque estamos programados para discernir o “bom” do “mau” por comparação...ou seja, só temos noção que este gelado é bom porque já comemos pior e vice-versa e é esse mecanismo experimentalista que nos torna reféns do presente – So no futuro vamos ter a confirmação se o momento em que estamos hoje foi afinal bom ou mau, um alto ou baixo.

Esses altos e baixo são relativos...afinal de contas tudo depende daquilo que será a nossa vida e nada é liquido e garantido, o mau de hoje pode mesmo tornar-se pior e bom ainda melhor e provavelmente apenas quem nunca se riu do passado ou sentiu saudades de um ou outro momento é que não percebe do que estou a falar.

“Carpe diem”.

Liberal

Antes de mais paz à sua alma e importa referir que foram abjectas algumas das reacções das pessoas face, mais do que tudo, ao falecimento de um ser humano. 

Independentemente de não concordar com muitas as suas ideias e de achar que perdeu muitas boas oportunidades de ficar calado, por António Borges, tinha o maior respeito, mais que não seja pelo seu percurso.

Deixando a pessoa que foi para trás e focando-me nas reacções, uma grande maioria realçou a sua "liberdade", "frontalidade" e destacou muito positivamente o facto de ter trabalhado "até ao fim". Se fosse ha 10 anos atras, provavelmente eu veria algo positivo nisso, mas hoje (arriscando dizer que já tenho alguma experiência), acho que é mesmo só parvoíce e tristeza.

Tristeza, porque custa-me saber que para alguém casado e com 4 filhos (e sem carências económicas conhecidas), o mais importante da vida seja o trabalho. Parvoíce, porque ainda ha o espirito do insubstituível e nem na recta final sabemos quando parar. Afinal trabalhamos para viver ou vivemos para trabalhar?

Cada um terá a sua opinião, mas na certeza que o "fillet mígnon" da vida esta mais nos nossos sonhos e nas pessoas que temos a nosso lado, é uma pena que os nossos últimos tempos não sejam passados a riscar a lista do "to do" que todos temos.

António Borges era um liberal e morreu como um herói dos liberais, mas numa altura em que um outro jovem morreu na teia do liberalismo (o tal estagiário em Londres) e em que todos temos levado "pancada", é boa ocasião para pensarmos no que afinal é importante e para não nos esquecermos que o homem será sempre "do tamanho dos seus sonhos".

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Mini Milk

Se há coisa que devia ser levada a sério é aquilo do Ricardo Reis (“Põe quanto És no Mínimo que Fazes”) ou por outras palavras, “sê fiel a ti próprio”.

E isso faz-me lembrar a historia de um conhecido que numa altura mais nublada da vida se deixou envolver com alguém de quem não lhe dizia muito , com eventual sensação de culpa por se achar superior aquilo e talvez  por sentir tudo como demasiado passageiro, e que num golpe do destino se vê ele surpreendido e deixado por essa mesma pessoa  (o chamado manguito da vida). Se é sempre mau o sentimento de se ser excluído, ser-se excluído por alguém que não se tem em grande conta é ainda pior e se nublado estava, mais nublado ficou.

Portanto, da próxima vez que sentirem que talvez um “mini milk” vos deixe satisfeito quando o vosso target é “corneto”, é provável que não só não fiquem não satisfeitos como ainda possam sair nauseados. Ahh e também não vale a pena comer “mini milk” em barda. Pode encher a barriga, mas não da alimento.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O tempo

Se há coisa extremamente frustrante é o tempo. E não falo do tempo a passar , falo do efeito que o tempo tem sobre o passado.

Por defeito, falta de capacidade, ou mecanismo de defesa, o nosso córtex , ao longo do tempo tende a eliminar as coisas mas da vida e na memoria ficam apenas as boas. Excluindo, obviamente, os eventos traumáticos , o tempo é uma varinha magica que transforma tudo em cor-de-rosa.

E isto é muito chato. É chato porque sempre que perdemos algo na vida, indubitavelmente se desvanecem os defeitos e emergem as virtudes imensas. Este sentimento de “nostalgia” ou “memoria curta” é algo que nos faz recordar o bom do passado, transforma-lo em excelente, e ao mesmo tempo esquecer o mau. E isto pode constituir prejuízo, porque é óbvio que um passado glorioso pode ofuscar o presente. É óbvio que um passado idílico pode rebentar o agradável do momento e é óbvio que “tentativas de repetição” sairão sempre ao lado (ainda que se repitam mesmo).

E esta coisa é frustrante, porque pode transformar um passado que nem foi nada de especial em algo especial...e isso, cá para mim, é o pior – a dificuldade de discernir se aquilo que aconteceu la atrás em 1986 foi mesmo giro ou se é apenas este “tempo”.

Para os que acham que não é assim....não me lixem! Toda a gente tem recordações de infância, da escola, da tropa, de África, da faculdade, da catequese ou da ditadura e diz a miude , “ahh, aquilo é que foram tempos”.

Lendo, falando e vendo fotos, parece que toda a gente teve um passado ultra glorioso, quando na verdade até podem ter vivido a mais banal vida. Conta-se pelos dedos os vencidos da vida e até esses que se entregam ao fado, tendem em engrandecer a desgraça.

(bem e agora vou ali comprar uma baguette e ouvir “recordar é viver” do Sr. Vítor Espadinha)

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Churrasco

Um dos momentos mais embaraçantes de que guardo memoria envolve entremeadas, febras e musica pimba. 

Ao contrario do que se pensa, a verdadeira supremacia de um homem e aquilo pelo qual têm que lutar para granjear reconhecimento pelos seus pares, mulheres e crianças não esta relacionado nem com capacidades desportivas, nem intelectuais, nem tão pouco com sucesso profissional ou pujança financeira. Tudo se resume a CHURRASCO.

É isso, um homem pode ser o supra sumo no quer que seja , que se não se afirmar na técnica do churrasco esta inevitavelmente rotulado de flop.

E quem não acredita nisto, é porque nunca foi, como eu, a uma festa do tipo “fim de ano da escola”. Neste micro ambiente parental de menus a base de febra, sardinha e entremeadas, toda a atenção esta centrada no assador e é ver os verdadeiros reis do churrasco a degladiarem-se entre si num sem fim de bitaites e técnicas de assadura para ver quem se assume como líder e responsável máximo pela churrasco (inclusive a decidir, entre outras coisas, quando é que carne esta no ponto ou não). Eu assumo, as minhas técnicas de churrasco são as básicas (e até há uns meses achava que eram as necessárias)...erro meu, em vez de livros de técnica e abstracção, devia-me ter dedicado a arte do churrasco desde pequenino e assim teria evitado passar vergonhas. É um facto, sou, do ponto de vista dos outros progenitores, um flop. A minha filha será, certamente, alvo de preocupação e lamento por ter tido a “sorte” de lhe calhar um pai como eu.

O facto é que naquele maralhal de verdadeiros sabedores da febra, retai-me e nem uma entremeada assei - fiz indubitavelmente parte do grande numero de falhados (para além das mulheres e crianças) que ficou só a comer e a beber. E senti isso na pele como se um ferro em brasa me fosse marcado. Senti os óbvios olhares desprezo por parte dos pais churrascões, senti os claros olhares reprovadores por parte das fêmeas aleivosas e senti o olhar incompreendido das crianças para com um homem que não se dignou a ter o espeto na mão. Se tivesse um buraco, teria-me enfiado la e nem valeu a pena tentar fazer o pino ou recitar Herculano - a triste verdade é que cada dentada que dei ao som daquela musica de Quim, foi como se fosse uma cria a ser alimentada pela mãe.

Portanto eu tenho um sonho (como o outro) e esse sonho passa por eu, de avental sexy, a dominar a assadura e debitar salsichas e coiratos em barda e, homens, ouçam o que eu vos digo....se querem ser o orgulho dos vossos filhos, mulheres e avós, esqueçam tudo e concentrem-se no churrasco. Para as senhoras também deixo uma recomendação...concentrem-se na sobremesa (penso que as explicações se dispensam) e tudo o resto é conversa.

Taxistas de Paris

Os taxistas que me perdoem...mas a maioria de vocês são gatunos. São gatunos e a humanidade já aceitou isso como natural, pelo que andar se taxi é sempre uma viagem que acaba comigo a agradecer a quem me gamou. Até ai tudo bem, o que eu não suporto mesmo é cheiro horrível a alfazema que parece ser o equivalente francês ao cheiro a nicotina de alguns taxis lisboetas. Prefiro a nicotina, sempre me deixa mais letárgico e já que é para ser enganado, que seja pelo Zé Manuel taxista que é Benfica, usa a unha do dedo mindinho grande e tem estorias de "gajas", do que por um taxista petulante que se chama Bernard e adora música clássica.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Bombeira

O falecimento em serviço de uma bombeira de 24 anos, que deixa uma filha de 4, é sempre algo que choca e que nos deveria fazer pensar nas nossas prioridades. Se por um lado temos dos politicos mais calculistas do mundo e em que vale tudo (até tirar olhos), depois ha pessoas assim, mais altruistas e que se vão, provavelmente,sem estarem lixadas por não ter a mala Channel (leia-se consumo em geral).

Esta certo que as condições são muito dificeis, mas também ja as foram, por exemplo, na construção civil e hoje em dia o numero de incidentes fatais, é, felizmente muito reduzido e a tolerancia muito pouca. As condições dificeis nunca podem ser a desculpa para tantos incidentes,mas pronto, ainda um destes dias vou dizer o que penso acerca da politica para as corporações de bombeiros e combate a fogos florestais (deixem la passar os fogos).

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Emigrar ou empobrecer?

Ha tempos, com o panorama da crise e emigração “a la carte”, discutia com um amigo a coisa das relações e a emigração...discutíamos, sobre diferentes pontos de vista (excluindo os que emigram como opção de vida e focando-nos apenas naqueles que o fazem fundamentalmente apenas por motivos profissionais e financeiros), as vantagens e desvantagens e os efeitos na vida pratica. Resumidamente, os pontos debatidos foram estes:

- A emigração pode funcionar como um catalisador e trazer, com maior poder económico, novas e boas sensações ao casal e também suprir certas dificuldades e fazer esquecer muitos dos problemas que afectam os comuns dos mortais. Pode ainda, permitir certos projectos de futuro e alimentar as esperanças e desejos das pessoas. A emigração funciona assim como uma ferramenta a favor do casal e vem eliminar potenciais problemas.

- A emigração cria, forçosamente, uma separação física entre duas pessoas e vem criar novos desafios para que pequenos nadas se tornem tudo e para que uma ligação emocional não se desvaneça. O amor é lindo, mas dependendo das condições da dita emigração, a mesma pode implicar longas ausências e é provável que apareça algum desgaste, natural, e nessa medida a emigração constitui, sem duvida, um risco e novos desafios para uma relação e obriga a cuidado acrescido para manter a chama.

- Assumindo que a alternativa à emigração é uma vida financeiramente mais pobre e despida de alguns bens materiais, um decrescimento económico pode vir inibir certos mimos, confortos ou até a sustentabilidade. Estas faltas, provocarão, certamente, um sentimento de privação e frustração, que por sua vez pode trazer novas tensões e conflitos que estariam de outro modo adormecidos. Afinal de contas uma vida de privações transtorna qualquer um, quanto mais conciliar isso a dois. A não emigração e consequente decrescimento económico, constitui portanto também um risco e novos desafios para uma relação.

- Pior que a emigração é a falta de ideias, de mobilização, de iniciativas e a rotina e monotonia provocada pelas actuais condições do mercado de trabalho, em crise, leva a uma também distancia e falta, com tudo o que dai advém e como tal a não emigração nas actuais condições, é so per si "meia emigração".

- Com ou sem decrescimento, com ou sem emigração, o maior desafio de uma relação é vencer o dia a dia e evitar a monotonia e enfrentar os problemas e o como tal tudo depende das pessoas e da maneira como encaixam e tudo o resto sao apenas factores ambientais, que podem influenciar, mas não são determinantes.

No actual panorama e circunstancias, gostaria de saber a vossa opinião.

Paris

Confesso...houve um tempo em que tinha um encanto por Paris...depois veio o tempo em que o encanto se tornou real e deu lugar a excitação (ia 3 vezes por semana à Rue de Bach e atravessava o jardim das tuilleries com frequência).

Depois da excitação, veio a normalidade ( passei a ir uma vez por semana).

Agora...arrasto-me pelas ruas num movimento de formiga para lá e para ca. 

A vida, é, afinal, na cidade luz igual a todas as outras todas nesse mundo fora. Na mesma rua onde Asiáticos passeiam alegres e tiram fotos, Mário de Sá Carneiro achou, ainda antes dos 30, que já chegava de bordel. Porque o bom e o mau não dependem (ou dependem pouco) do local e porque quero acreditar, tipo mesmo, que ha coisas que não são efémeras e que duram, vá lá, para sempre, esta visto que o segredo não esta onde nem quando, mas com quem!

(Mais importante que escolher o modelo taxi é olhar para a cara do motorista)

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Lorenzo

Voltando ao maior tema da actualidade (e quiçá o mais importante)...na perspectiva de Lorenzo:

Lorenzo, és o maior. Ninguém escolhe onde nasce e tu tiveste o destino de nascer rico e tentas aproveitar isso. Não diria que tiveste sorte, porque falta-me a certeza de te saber feliz, mas tu fazes da tua vida aquilo que entenderes fazer e faças o que fizeres serás sempre criticado. 

Acho apenas que entre as festas (para as quais lamentavelmente nunca fui convidado) e as corridas , devias aprender qualquer coisa de como falar em publico ou então não falares de todo, coisa que te recomendo vivamente, até porque mais vale ficar calado e parecer estúpido do que abrir a boca e confirmar isso mesmo.

Judite Sousa

Voltando ao maior tema da actualidade (e quiçá o mais importante)...na perspectiva de Judite Sousa:

Uma coisa que me faz confusão, como já tive oportunidade de afirmar, é a ira anti Judite Sousa após uma péssima entrevista a um mamífero endinheirado. A senhora já reconheceu que esteve mal, já mostrou arrependimento...mas a malta quer mais...querem a cabeça, querem sangue. 

Diria que a Judite, numa ânsia de Robin dos Bosques em cuecas, esteve mal não só na entrevista mas logo ao aceitar fazê-la. Num Portugal com boa parte de gente fraca e invejosa (mas também muita gente estropiada e injustiçada) era óbvio que as reacções seriam sempre mas (neste caso apoiam o jovem, se ela tivesse sido meiga, diriam que ela apoia a futilidade e etc), contudo e uma vez que nem o perfil da mulher traída, humilhada e abusada pelo marido poderoso (e isso vale muito) acalma a ira das pessoas que voluntariamente decidiram apoiar o jovem bilionário, acho que esta fúria sem demanda só revela que o povo tem o que merece (já naquela historia de Jesus o decidiram crucificar e depois deu no que deu).

Tudo isto é ainda mais estranho, se tivermos em conta que falamos do povo que é brando e tolera variados tipo de abusos.

Não será que o povo esta a fazer da Judite aquilo que a Judite fez ao moço (a aproveitar-se das fraquezas)?

Perdoai senhores!

Fernando Seara

Voltando ao maior tema da actualidade (e quiçá o mais importante)...na perspectiva de Fernando Seara:

Um destacado periódico noticia (com pompa) que Fernando Seara esteve presente na festa do Pontal sozinho e com semblante triste. 

Eu, se fosse ele, não estaria la nem com semblante triste nem sozinho. Isso, porque não iria la. O tempo tudo cura e não quero dizer que a carreira politica de Fernando Seara tenha terminado para sempre, mas uma coisa é certa: A candidatura de Fernando Seara a CML esta condenada.

Praticamente condenada já ela estava (existe um efeito de magneto entre o povo e o António Costa), mas um processo de divorcio de uma figura publica e que, a confirmar-se, se deve ao facto de Fernando Seara andar envolvido com uma vereadora há cerca de um ano e meio, arrasa tudo. Funciona como uma espécie de Napalm politico.

Até pode ser que Fernando Seara seja apenas humano e que não tenha resistido ao ímpeto do amor, mas ser isso ou ser uma relação do tipo “canalha que anda a comer a secretaria” , vai dar ao mesmo. Para a opinião publica, esse tipo de comportamento será sempre visto como uma falha grave de carácter, - que o é (se enganou mais de um ano a mulher, imaginem o que pode fazer ao povo), e na hora da verdade estou absolutamente certo que nem os lisboetas infiéis lhe vão o voto de confiança (nunca ser infiel significou que se aprecie a infidelidade).

E é assim, andou Fernando Seara a construir uma imagem solida e isenta durante anos, para depois ser arrastado num vórtice daquilo que afinal era. Que os políticos não são o que parecem, toda a gente sabe, mas uma coisa é haver essa noção e outra é isso ser palpável. O timing foi o pior para o Fernando Seara, contudo não se lhe pode chamar de azar. Na politica não lugar a separação entre vida pessoal e profissional.

Menino

Já sabemos que a época é Silly...agora não sei que o que é mais triste...se é haver uma jornalista que quer "educar" um playboy bon vivant, se é o facto de isso ser toda e principal notícia. O menino foi de facto martirizado, mas não vamos crucificar a senhora e são dispensáveis os comentários de ódio... Esse episódio foi aquilo que se pode classificar de "parvoíce", o resto só revela a boa tendência portuguesa para termos pena do coitadinho (já nem precisa de ser pobre e oprimido, até pode ser rico e esbanjador, se sofrer...o povo ajuda).

Horoscopo

Confesso que estou preocupado...não tenho por habito ler e seguir horóscopos, mas hoje reparei no meu para esta semana e as previsões são avassaladoras. 

Eu, que tenho sentido que ter lido o meu horóscopo com um ano de antecedência teria sido a mesma coisa que ver, na melhor das hipóteses, um filme de Woody Allen, ou, na pior, um de Ingmar Bergman, constato hoje que o que astros me dizem é para "ter cuidado com o picante e as comidas condimentadas". Eu à espera de grandes dicas sentimentais ou financeiras e o que recebo é um aviso para não comer caril.

No fundo no fundo, segundo os astros, o segredo da felicidade passará em grande medida põe evitar o hemorroidal.

E ainda dizem que ler horóscopos é inútil, se hoje estou sentado e de sorriso nos lábios a escrever isto...é graças a quem?

Merci, anh!