quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Da frustração...


As recentes separações de alguns mediáticos, bem regadas a "faca e alguidar", de diferente daquilo que acontece aos molhos um pouco por todo o lado, só tem mesmo o facto de aparecerem na capa de alguns periódicos e deixar espaço para que todos opinem com desconhecimento de causa.

Isto para dizer  que, em muitíssimos casos, pessoas aparentemente sóbrias e intelectualmente estáveis, entram em descompensação e tomam atitudes que não lembra ao diabo - independentemente do estatuto social, económico ou académico (o nível de conhecimento da populaça é que varia). 

Descartando os casamentos por conveniência, ou por imposição familiar, não acredito que essa alteração comportamental inesperada (não sendo por vezes tão inesperada assim) esteja relacionada com o fim propriamente dito, estando muito mais ligada a uma deficiência congénita da digestão de frustrações que assola muitos humanos desde pequeninos.

Em boa verdade, é apenas uma variante madura das birras das crianças e é liquido: Humanos têm dificuldade em lidar com a frustração e só a experiência e maturidade suavizavam essa hecatombe de emoções efervescentes (ou deviam). A realidade prova que, in extremis, a maturidade só refina o método da "birra", numa versão não muito diferente do clássico "se eu não posso ter este brinquedo, mais ninguém pode ter". 

Isto leva-me finalmente ao que me traz aqui hoje...é que uma relação (seja de que tipo for), só termina no dia em que termina para uma das partes, na maioria dos casos já terminou para a outra parte muito tempo antes. E é aqui, nesse fim a dois tempos, que reside a violência do fim. O que dilacera não é tanto o fim, mas a confrontação de que não fomos capazes de perceber o que se passava a nossa volta. A frustração de aceitar que o barco zarpou e nos ficamos distraídos no cais "a espera". No limite, a ingestão de termos afincadamente trabalhado e investido num projecto falido. 

So a maturidade intelectual poderá suavizar os efeitos desta revolta de sermos confrontados com uma realidade diferente da que tínhamos como referencia. é natural que o agitar do pano que nos serve como chão nos deixe confusos, o que já não é para todos é o recato enquanto durar essa confusão.

Como  alguém (Garcia Marquez) disse: "Não chores porque terminou, sorri porque aconteceu", é muito bonito embora mais fácil de dizer do que fazer. 

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