Aproveitando o 25 de Novembro, são varias as publicações que têm dedicado artigos ao centenário de Álvaro Cunhal. E o espectáculo tem sido triste. Triste, porque a maioria dos artigo que li se versava muito mais no homem do que na obra. No seus 100 anos, fala-se do seu charme, no seu estilo misterioso, no porque de usar camisas, nos excelentes nos de gravata, numa vida afectuosa com affairs dignos da "Nova Gente".
Goste-se ou não, Álvaro Cunhal foi sem duvida um personagem incontornável da historia recente de Portugal. Álvaro Cunhal, pautou-se (ou esforçou-se) para se apagar a si próprio em detrimento dos seus ideais (aos quais terá sido fiel?). Álvaro Cunhal, terá tentado, aparentemente, demitir-se de vénias pessoais em conformidade com os seus ideais anti personificação do culto e em prole do comum. Álvaro Cunhal, tinha contudo carisma.
E aqui reside o fel do homem - no carisma.
Apesar de Manuel Tiago ter dedicado boa parte (quase toda) da vida a, supostamente, defender, desenvolver, implementar um conjunto de ideais que buscam neutralizar o homem em prole da comunidade. Que buscam enfatizar a força colectiva e reduzir o talento individual, que buscam eliminar celebrações pessoais, fazendo-as de todos, que buscam mostrar que é possível sermos conjunto e não uno...o triste...o triste disso é que nas comemorações dos seus 100 anos, a única coisa que haja a comemorar sejam os seus tiques pessoais, o culto da sua personalidade, o seu endeusamento, a sua elevação acima do comum mortal..o enfatizar do seu carisma.
No fundo, faz tanto sentido como o individuo que é vitima de cancro sem nunca ter fumado na vida. é uma infeliz espécie de dissertação que remete comunismo mais a uma questão de estilo do que ideologia.
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