sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Acontecer aos outros

Ha um conjunto que coisas que, de certo modo, achamos sempre que so acontecem aos outros até ao dia em que nos acontecem a nos – isto é mais ou menos uma verdade de La Palice.

Depois há o conjunto de coisas que nos acontece a nos e achamos que nunca acontece aos outros – isto é mais ou menos o mindset do português médio típico. Ou seja, ter um mau emprego, ganhar mal, morar numa casa péssima, ter um carro que avaria e um cão que ladra, são coisas que nos acontecem só a nos e nunca aos outros, porque os outros enfrentam uma vida perfeita de sorte espectacular com empregos de sonho e bem remunerados, chefes com inteligência, férias no Cacém de baixo e mulheres de sonho sem ser em sonhos e porque nos merecemos penar por sermos baixos, fracos, feios.

Quando um mamífero humano se destaca do malharal, facilmente se cria a ideia de intocável, ídolo e perfeito e depois há quem acredite mesmo que as pessoas são mesmo imunes a problemas. Como se tivessem tomado um tónico da felicidade ao ponto de os “comuns” se indignarem com a por vezes evidente infelicidade de quem “tem tudo” para ser feliz.

A ver se entendemos, somos todos pessoas, somos todos farinha do mesmo saco e ninguém tem tudo para ser feliz só porque se destacou em determinada área. Os outros são pessoas como nos e, tirando o Chuck Norris, todos podemos estar sujeitos as mesmas provações. Se tivermos que meter tudo numa balança, até diria que quem atinge sucesso esplendoroso em determinada área tem mais dificuldade em encontrar o equilibro nas outras – como se de uma maldição se tratasse.

Portanto, gente infeliz, ressabiada e invejosa (uma boa parte da população do mundo), deixem se comiserarem por si mesmos e mentalizem-se que coisas mas (e boas) acontecem a pessoas boas (e mas), independentemente das virtudes pessoais dos sujeitos na aleatoriedade incrível que caracteriza a vida.

E lembrem-se, até um dos ícones femininos, sexuais, libertinos e outros quejandos (Madonna) já foi vitima de traição, violência domestica e abandono – tal e qual uma dona de casa gordurosa, flácida e desesperada.

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