quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Relatividade hospitalar

A cereja no topo do bolo da relatividade de tudo, é o ambiente hospitalar.

De facto é um ambiente que pauta por uma hibridez de sentimentos...Recordo-me de uma vez em que fui fazer um exame médico e no momento em que fui surpreendido por um resultado que não era o esperado, no exacto do momento em que o chão parecia flutuar, em que o mundo parecia que ia acabar, não é que o raio do técnico decidiu ligar a um amigo para combinar um ida ao cinema?

Assim, enquanto eu via (no calor do momento) a minha vida andar para trás , alguém estava apenas a fazer o seu trabalho, a sua rotina, mais um dia – e bom pelo vistos!

É assim que vejo os ambientes hospitalares....sítios marcantes e altamente pesados do ponto de vista sentimental para uns e ao mesmo tempo, aprazíveis locais de trabalho e de vida para outros.

Nunca alegria, normalidade e tristeza habitaram tão bem o mesmo espaço...Chamem-me sentimentalista, mas acho que haveria de haver um decreto que proibisse que profissionais da saúde de actuarem como pessoas felizes da vida no momento em que outros recebem de chofre a noticia de que eles ou os deles têm não sei que não sei onde.

Ao mesmo tempo, acho o ambiente interessante...Este convívio tristeza/banalidade mais não é que uma prova (mais) uma, que na vida só custa o habito, o resto é rotina.

2 comentários:

Anónimo disse...

A aparente normalidade do mundo no edificio onde cabe a podridão, a maleita, a miséria humana. A normalidade de todos os outros quando a alguém nasce, quando alguém é "salvo" (nem que seja de si mesmo), quando o cancro é irradiado, quando a infecção é controlada. Os profissionais de saúde: as bestas insensíveis quando tudo corre mal; os heróis silenciosos que diante do impossível se desdobram em esforços e reanimam com sucesso e recebem insultos e cuspidelas do ignorante que não percebe, nem nunca perceberá porque se encontra vivo.
Os hospitais: esses ninhos de gente ruim...


Ana (algures no tempo proteinita)

Indivíduo disse...

Os hospitais, ninho não de gente ruim, mas de coisas ruins, impactam sem dúvida tanto utentes como profissionais, sendo ruim ambiente e porventura sempre injusto e frustrante para todos. Da mesma maneira (a nível diferente) que a guerra impacta o soldado.