sábado, 6 de junho de 2015

Tão depressa aqui, hoje

Ainda ontem, o teu rosto, sorriso, o meu, o nosso, nós todos, antes. Sem pregas nem ornatos ainda, mas cheio dos sonhos e da vida dos de poucos anos de quem nada sabe do que não sabe e tem tudo para viver. O nosso rosto, lavado ainda com a ingenuidade de quem ainda não sabe, mas acredita. Expurgado de asperezas mas cheio de pressas, ainda com tão pouco tempo mas já sem tempo. 

Hoje, o nosso rosto, mais oxidado, com consumo do tempo já, mas ainda cheio. Mais cheio o sorriso. Não de pressa, mas de brilho. De quem não sabendo, não precisa de saber. De quem ja vivendo, não tem a mesma pressa do amanhã. A calma que permite a plenitude, a vida que começa agora a doer. A dor que arrepia o palato e permite o sabor. O tempo, cavalo, que não passa sem nos lavrar.  Mas ao mesmo tempo, ainda os sonhos e a ingenuidade. As mesmas crianças e vontades, por vezes só aprisionadas no costume do hábito. 


A vida são as escolhas que fazemos, as oportunidades que perdemos, o que não fizemos, o que nos tornamos, mas acima de tudo como vivemos tudo isso e como gerimos o que preferiríamos não gerir.  As coisas são como são, importa que se compreenda isso para que não se penalize demasiadamente a vida por não serem as coisas de outra maneira.