quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Estação de serviço

Numa estação serviço perdida, entro com objecto de encher o depósito e enquanto me degladio com um funcionário franzino e intimidado (parece que é complicado atestar viaturas às três da manha), ouve-se do fundo um ruído de algazarra. Quatro maduros bebem cervejas, ébrios e de cara envermelhada, falam alto e gabam-se dos feitos que (não) fizeram e discutem motores de Porsche Carrera, tudo isso talvez numa tentativa de acreditarem neles próprios ou talvez na esperança de abafar o ruído ensurdecedor do silêncio de uma vida de solidão que lhes esta marcada a ferros nas rugas da cara e no abdómen dilatado.

Olho despercebidamente, e tiro uma foto ao momento enquanto penso no valor e na diferença que uma mulher traz à vida - seja como companheira, como amiga ou como simples camarada numa noite de copos. O sol quando nasce é para todos, mas só algumas flores o tornam dourado.

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