quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Funcionário Consular

A todos aqueles que tenham oportunidade de passar uma manhã num consulado de um qualquer país, é de facto uma experiência a não perder, quer pelo treino da paciência e resiliência, quer pelo “fenómeno” sociológico que assola as instalações consulares.

A paciência e resiliência são o “pão com queijo e azeitonas” de tudo o que é assunto que se possa tratar num consulado. Algures num manuscrito do tratado internacional de serviços diplomáticos, deve estar bem escrito que tem tudo que ser complicado..e burocrático…

A experiência sociológica é mais interessante e tem a ver com acentuadas diferenças de semblante. De um lado do vidro, temos os funcionários consulares, sempre com ar relaxado e descontraído, como se fossem imunes ao stress que emana do outro lado e sempre aptos a conversar acerca das férias ou churrasco de fim-de-semana com o colega do lado. Quem olha este lado da vitrine, nunca imaginaria que haveria problemas no mundo, tal não é a expressão de “tudo controlado” que ali há.

Do outro lado do vidro, temos os que precisam de serviços consulares, (quase) sempre encolhidos, olhar pouco penetrante e nunca direccionado aos olhos do “mestre”, simpatia extra reforçada, ar de anjinho, cachorrinho mal morto, 7ª maravilha do mundo e “por favor não me faça mal”, no fundo a torcer com toda a fé para que não haja um dos 1000 imprevistos para impugnar o quer que seja.

No final do processo, em caso de sucesso, temos o desfecho da tensão dramática com o “necessitado” a respirar de alivio e a desfazer-se em ultimas simpatias e votos de bom dia, enquanto recebe de resposta a indiferença de quem “mata borregos com os olhos”.

E isto não é uma coisa de acontecer em UM consulado…acontecerá em todos, e pouco importa se é um estrangeiro a solicitar um serviço num consulado de um qualquer país ou se é um cidadão em país estrangeiro a solicitar serviços no consulado do seu país de origem.


Quando for grande quero ser funcionário consular!