segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Zé Manel taxista

Ja não é a primeira vez que falo sobre táxis...vou falar outra vez. 

Foi a segunda vez que me calhou o Sr. Zé Manel taxista (nome fictício suponho)...o verdadeiro estereotipo, o cliché em pessoa..um táxi e um taxista com tudo o que aquilo que podemos almejar a ter. Um sonho de menino materializado naquele C 190 retro style.

Imagino que não seja fácil o turno da noite, nem tão pouco é para mim começar a semana as 5 da manha (hei), mas graças a este Sr. chauffer, a madrugada é mais airosa.

A começar pela viatura revestida a tapetes do tipo "Arraiolos falsos", que, imagino eu, antes de se servirem de revestimento ao velho automóvel, tenham feito vez numa sala de estar suburbana. Depois, o emblema do Benfica pendurado do retrovisor, a estatueta de uma Santa bem pregada no tablier, e o fado "da mariquinhas" sintonizado bem alto na radio Amália. A acrescentar, o próprio figurino, nos seu 50 anos, magro, comido pelo tempo, cabelo fraco mas meio lambido para trás, voz arrastada das noites de bagaço, prendam-me a alvorada num vibrante "bom dia a despachar que tenho que fazer".

E assim, neste cenário de "Deus, Pátria e Família" (+Benfica), enquanto Amália se esganiça e apoquenta com a devoluta casa mariquinhas, sorri para mim e mais uma vez me despedi de uma cidade que ainda dorme.

(Uma vez aqui, calhar-me-ia um taxista magrebino, sem fado, sem moustache, sem piada, sem nada e recordei-me porque é que somos um povo "anti crise").

Sem comentários: