sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Vida aleivosa

Percebemos que a vida é uma cadela aleivosa, quando premeia tantos por terem feito tão pouco e se esquece sistematicamente dos que batem com a cabeça na parede todos os dias. 

Pelo mesmo motivo, boa parte das femmes, sente ainda uma atracção monstra pelo prototipo do macho viril, independente e algo insensível (por vezes bruto). Até podem racionalizar, até podem gostar muito da companhia de um “buddy”, mas no fundo no fundo, o prémio vai para o mauzão e o outro cai na “friendzone”.

Coisas estranhas da vida ou resquícios do instinto de sobrevivência e propagação da espécie?

Uma coisa é certa, como diriam os irmão Cohen, este pais não é para velhos e atitude é tudo.

Felicidade

O que é que é melhor para a felicidade? 

Antecipar os problemas, evitando-os, e limitar-mo-nos a uma estabilidade que pode acabar em rotina (e desse modo diluir a felicidade)? 

Ou não antecipar nada e viver a explosão de felicidade que é resolver problemas?

Do mesmo modo numa relação...mais saudável uma coisa quente e assanhada com discussões, "facadas" e "tiros" e reconciliações ou uma coisa hiper calma e estável que faz lembrar o programa “oceano pacifico” da Renascença?

Comprar bilhete ou não

A primeira vez achei engraçado, a segunda coincidência...a terceira só pode ser habito. 

Num comboio, uma equipa de seis "picas" corpulentos entram na carruagem e posicionam-se estrategicamente, não ha escapatórias, começam a verificar os bilhetes e, mais uma vez, só estrangeiros têm título valido (deve ser o momento badboy dos parisienses). As coimas começam a surgir e dos autuados nem ai nem ui, apenas o cartão de credito a aparecer.

Nao houve tentativas de fuga, não houve olhares de carneiro mal morto, não houve desculpas, não houve dialogo.

Esta malta, para além de gostar de pagar coimas, terá noção que não tem sal nem sangue quente na vida?

As saudades que tenho de Lisboa, ai teria sido coisa para haver ali grandes dramas, grandes misérias pessoais, em cada transgressor uma desculpa credível, cada coima a alma de um fado.

Diálogos...

ELE: Não ficas surpreendido com a facilidade com que as pessoas se entregam sexualmente hoje em dia?

O OUTRO: Não...dizes isso porque o sexo ainda é tabu e coloca-lo num pedestal em que não devia estar. Hoje em dia as pessoas são mais livres e com menos pudor de viver prazeres momentaneamente.

ELE: Mas não achas que a sexualidade é um momento especial e indelével, intimo e que para ser valorizado não deve ser banalizado?

O OUTRO: Não, isso são coisas da moral e de anos de imposição religiosa. O homem deve estar mais próximo dos seus desejos, instintos e não se deve sentir limitado em partilhar a sua intimidade e desejos.

ELE: Certo, mas a copula do amor implica a entrega de um corpo contra o outro, implica energia, implica vontade, implica
partilha...não achas que isso deve ser algo reservado e limitado?

O OUTRO: A vida hoje em dia é demasiado instável, imprevisível e efémera e o sexo é apenas mais um reflexo disso.

Foi então que ELE percebeu que a confusão com o OUTRO se devia a ter feito muito mais amor do que sexo..

Outono em Paris

O Outono já chegou a Paris...As noites estão frescas, as manhas também e já sabem bem as bebidas quentes e o conforto de umas mangas de um casaco. Chuva pode acontecer, mas a cidade esta vibrante e agradavelmente luminosa. Paris é sem duvida uma cidade de Outono...a estação perfeita onde tudo parece encaixar...até os jardins parecem ter toda um dimensão outonal e os telhados negros dos edifícios ou a cor oxidada da torre que se vê de todo o lado dão uma atmosfera muito cinematográfica e ao mesmo tempo bastante revigorante, como uma verdadeira "rentrée" onde nos sentimos num filme cheio de glamour (e caraças, somos actores principais).

E esta simbiose de Paris e o Outono é interessante, especialmente porque sempre me esteve associada a um certo "mise en scène" francês – Lembra-me uma fase, por esta altura, em que me perdia nas salas do cinema S. Jorge entre as estreias e reposições que me trazia a “festa do cinema francês”. E durante anos foi assim – Não havia Setembro e Outono sem os filmes franceses e no baú das memorias ternas, tenho umas quantas das primeiras tardes menos quentes naquele imaginário - onde sem querer nos projectamos sempre um bocadinho. É com um sorriso aprazível que me lembro disso, dessas imagens, das longas metragens, das mãos dadas ou só imaginadas, das conversas do antes e do depois, e dos passeios na Av. Da Liberdade e, logo agora, que, sem querer, passei de espectador a personagem.

São assim os mistérios insondáveis que a vida nos guarda.

11 de Setembro

Um dia depois do aniversario do 11/09, começo por dizer que gosto de árabes...não do fundamentalismo (já la vamos), mas eu, que até já vivi uma temporada da minha vida num pais muçulmano, gosto da cultura árabe, das ruas cheias de gente, do modo de fazer comercio, de como tudo pode ser caótico, dos cheiros (alguns maus), dos mercados, dos ladrões com cara de ladrões, das regras (inexistentes) de condução , da maneira ilegal de trocar de divisas, do tipo e modo de beber café, das cabeças de borrego espetadas em paus a venda, do orgulho na contrafacção, dos controlos antes de apanhar um avião, do Ramadão (ok, nem tanto assim), dos 24 toques de Ala, das discotecas (isso é uma historia só “per si”) e até da forma (“astuta”) de como as mulheres se conseguem mostrar disponíveis para “o amor”. Enfim, podia passar dias a escrever e a contar historias e estorias , que a vida em países árabes é, resumidamente, uma aventura todos os dias e substancialmente diferente daquilo que se imagina.

Contudo os “meus” árabes não encaixam exactamente no perfil puramente fundamentalista. Quando leio que uma criança de 8 anos, morreu no Yeman devido a lesões internas provocadas durante a noite de núpcias (isso) depois de ter levado (isso) com o marido de 40 (anos), fico agonizado. É essa a vida de mulheres no médio oriente...na melhor (pior) das hipóteses, sobrevivem a noite de núpcias e vivem com cadelas (isso) o resto da vida, na pior (melhor) morrem logo no acto da desvirginização – nunca esse acontecimento deve ter sido tão determinante na vida de uma senhora.

Diz-se que os árabes do médio-oriente vivem na pré-historia. Bem que eu saiba, na pre-historia dava-se com paus nas cabeças das pessoas e vivíamos em grutas, mas, de que haja relatos, não era pratica corrente penetrar meninas até a morte. Também não sei se havia tecnologia para delapidar o clitóris das femme sapiens. Por outro lado, os árabes fundamentalistas de hoje em dia também não vivem em grutas (embora ainda se matem uns ou outros com paus).

Portanto, a questão não é serem atrasados (que o são) – é terem uma cultura que é simplesmente criminosa aos olhos de um homem normal e não me venham cá com respeito por culturas e tradições diferentes que toda e qualquer tolerância é só explicada por covardia e comodismo.

Covardia e comodismo, que no ocidente dito evoluído continuam ser os “plates du jour”. Depois do massacre no Rwanda, podiam os “evoluídos” ter evoluído qualquer coisa?

Bem, podiam..mas na verdade a maioria, depois de noticiado mais um massacre, continua calmamente a jantar e ao mais alto nível diplomático e “humanitário” também não interessa se morrem ou sofrem muitos – o que interessa é se morrem depressa (com armas químicas) ou se morrem devagar (com balas e espadas).

A diplomacia e legitimidade de intervenção de estrangeiros em conflitos internos tem que se lhe diga, e não me vou alongar, mas estaremos cientes (os ocidentais evoluídos) que o nosso modo de viver é verdadeiramente autista num mundo em transformação?

Ensino Superior

A lista de colocados no ensino superior é reveladora – Muitos dos cursos de engenharia civil não tiveram um único colocado, a maioria não teve mais de meia-dúzia e não houve uma única instituição a encher as vagas todas (nem os “creme de la creme” IST e FEUP).

Os motivos parecem-me óbvios, num pais em crise e com desinvestimento, o sector da construção é dos mais penalizados, contudo isso não justifica tudo, até porque há cursos cujas saídas profissionais são igualmente redutoras (ou piores) – por exemplo arquitectura ou enfermagem (mas não só), e tiveram ocupação praticamente total e com médias dignas de respeito.

Se por uma lado podemos discutir o excesso de oferta no ensino “engenhararia” – Um barracão e uns enjeitados facilmente obtêm uma licença de ensino, há outras conclusões a retirar:

O que me parece clarividente e conclusivo é que muitas pessoas continuam e continuarão a escolher cursos que independentemente de terem “saídas”, correspondem de alguma forma aquilo que acreditam ser a sua vocação e por outro lado a engenharia nunca foi uma escolha “por vocação”, mas sim pela vida sumptuosa e regada de luxos e bom gosto que caracteriza os engenheiros. Ninguém escolhe engenharia porque “gosta muito e deseja ser gestor de cenas para sempre” ou porque “tenho vocação para ajudar pobres” ou porque “sou criativo” ou “gosto de fazer desenhos”. Engenharia é profissão filha da mãe e as pessoas escolhem isso pelo retorno que isso possa representar (ponto).

(e quem diz engenharia, diz gestão, economia e outros quejandos mais dados aos resultados que aos sentimentos do praticante – ninguém me convence que alguém escolhe contabilidade ou finanças porque adora passar os dias a fazer balancetes e encontros de contas).

No meio disto tudo, só fico sem perceber o que leva centenas de milhar de pessoas a escolher direito (embora criativa, não é profissão dada a grandes aforismos sentimentais), penso que só pode ser pelas séries americanas cheias de advogadas (os) giras (os) e cheios de estilo e que resolvem problemas com mais pinta e glamour com que o seios (Pamela) resgatavam incautos do mar californiano.

Quanto a rede de politécnicos que brotou, no Portugal burguês dos anos 90, como cogumelos...é para fechar mesmo quando?

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Engenharia por vocação

A lista de colocados no ensino superior é reveladora – Muitos dos cursos de engenharia civil não tiveram um único colocado, a maioria não teve mais de meia-dúzia e não houve uma única instituição a encher as vagas todas (nem os “creme de la creme” IST e FEUP).

Os motivos parecem-me óbvios, num pais em crise e com desinvestimento, o sector da construção é dos mais penalizados, contudo isso não justifica tudo, até porque há cursos cujas saídas profissionais são igualmente redutoras (ou piores) – por exemplo arquitectura ou enfermagem (mas não só), e tiveram ocupação praticamente total e com médias dignas de respeito.

Se por uma lado podemos discutir o excesso de oferta no ensino “engenhararia” – Um barracão e uns enjeitados facilmente obtêm uma licença de ensino, há outras conclusões a retirar:

O que me parece clarividente e conclusivo é que muitas pessoas continuam e continuarão a escolher cursos que independentemente de terem “saídas”, correspondem de alguma forma aquilo que acreditam ser a sua vocação e por outro lado a engenharia nunca foi uma escolha “por vocação”, mas sim pela vida sumptuosa e regada de luxos e bom gosto que caracteriza os engenheiros. Ninguém escolhe engenharia porque “gosta muito e deseja ser gestor de cenas para sempre” ou porque “tenho vocação para ajudar pobres” ou porque “sou criativo” ou “gosto de fazer desenhos”. Engenharia é profissão filha da mãe e as pessoas escolhem isso pelo retorno que isso possa representar (ponto).

(e quem diz engenharia, diz gestão, economia e outros quejandos mais dados aos resultados que aos sentimentos do praticante – ninguém me convence que alguém escolhe contabilidade ou finanças porque adora passar os dias a fazer balancetes e encontros de contas).

No meio disto tudo, só fico sem perceber o que leva centenas de milhar de pessoas a escolher direito (embora criativa, não é profissão dada a grandes aforismos sentimentais), penso que só pode ser pelas séries americanas cheias de advogadas (os) giras (os) e cheios de estilo e que resolvem problemas com mais pinta e glamour com que o seios (Pamela) resgatavam incautos do mar californiano.

Quanto a rede de politécnicos que brotou, no Portugal burguês dos anos 90, como cogumelos...é para fechar mesmo quando?

Mais autarquicas

Estas autárquicas estão de facto a ser excitantes , uma verdadeira profilaxia para o bom humor e para nos relembrarmos que somos o povo mais interessante do mundo – sempre com boa disposição.

Para além da boa disposição, as eleições autárquicas parecem ter um imenso efeito catalisador na simpatia generalizada das pessoas e candidatos. Tem sido amiúde que sou interpolado (e sou apenas residente de fim de semana) por jovens candidatos sorridentes e disponíveis para discutir os problemas do “nosso bairro”. Deve ser um fenómeno astronómico, este que transforma, de 4 em 4 anos, gente normal em mister comunicação – é giro.

Esta certo que a politica é um jogo e uma festa, mas temos o que merecemos: A maioria prefere o “tipo fanfarrão (e talvez até bully) que é popular e charlatão” e pretere o “tipo que até tem ar de esperto, mas é meio calado e xoninhas” – No fundo escolhemos os lideres quase com o mesmo critério que escolheríamos uma cara metade (e ninguém escolhe, se tiver por onde escolher, tonhos) e isto é muito nosso: Podemos ser “uns ratos” mas ao fim do dia ou naquele jantar de amigos ou família, haveremos de ser o maiores, haveremos de ter mandado todos a merda, haveremos de ter feito isto e aquilo – São raros os portugueses que admitem de forma descomplexada que são tipos banais e que na maioria das vezes se “deixam comer”.

E é isto, o poder da imagem (ou uma imagem de poder), não é tudo ( mas é quase! ) e mais importante que saber fazer, é parecer que se sabe fazer.

Eu no meu caso só lamento é que ainda haja muitos mais candidatos que candidatas (giras de preferência).

Autarquicas

Para aqueles que acham "Gaiola dourada", um filme com demasiados clichés e que passa uma ideia demasiado simplória do portuguesismo, deviam estar mais atentos às eleições autárquicas. Sem duvida, a melhor comédia do ano e surreal ao ponto de envergonhar um qualquer David Linch. 

É tao natural e bucólico, que seria impossível ser imaginado.

Ao mesmo tempo, ha obvias oportunidades na área do design gráfico, marketing e comunicação...um caso de estudo.

Facebook

Numa fila, quatro mulheres árabes de burca enfiada, confraternizam entre si e consultam os seus smartphones com a pagina do FB em aberto...

Sou só eu, ou nos dias de hoje é um bocado ridículo "cobrir" a cara da mulher, para depois deixar em aberto a face das redes sociais?

Paris VS Lisboa

Coisas que vejo:

O nível de vida em Paris, não é absurdamente mais caro do que em Lisboa. Ha até coisas mais baratas, isto excluindo os cafés da "champs elysees" e "champs de mars". é certo que os hotéis são estupidamente caros e comer fora no centro de Paris tem tanto de agradável, chic e sofisticado como de estupidamente dispendioso. 

A habitação também é, em norma, mais cara e de inferior qualidade, mas os automóveis e transportes públicos são bastante em conta e a rede, nível de serviço e segurança bastante aceitáveis. As grandes cadeias internacionais (Zara, H&M, etc) vendem ao mesmo preço e o resto anda ela por ela. A dermocosmética é consideravelmente mais barata...

Em suma, na vida do dia-a-dia, o custo de vida poderá ser mais alto, mas não muito significativamente...os ordenados é que são o dobro (no mínimo), pelo que se torna evidente que a qualidade de vida/poder de compra do "Zé Tuga" é, de grosso, metade da do "Bernard Franciu".

E não me venham com a historia da produtividade e eficiência, porque isso é apenas algo que nos querem fazer acreditar para justificar tamanha "exploração" e pela minha experiência, é treta!

Não divagando sobre quem esta mal ou bem, Portugal, ao fim de 20 de Europa, continua (e continuara) a ser um Pais de papalvos sem que ninguém em particular (e todos ao mesmo tempo), tenha culpa disso.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Zé Manel taxista

Ja não é a primeira vez que falo sobre táxis...vou falar outra vez. 

Foi a segunda vez que me calhou o Sr. Zé Manel taxista (nome fictício suponho)...o verdadeiro estereotipo, o cliché em pessoa..um táxi e um taxista com tudo o que aquilo que podemos almejar a ter. Um sonho de menino materializado naquele C 190 retro style.

Imagino que não seja fácil o turno da noite, nem tão pouco é para mim começar a semana as 5 da manha (hei), mas graças a este Sr. chauffer, a madrugada é mais airosa.

A começar pela viatura revestida a tapetes do tipo "Arraiolos falsos", que, imagino eu, antes de se servirem de revestimento ao velho automóvel, tenham feito vez numa sala de estar suburbana. Depois, o emblema do Benfica pendurado do retrovisor, a estatueta de uma Santa bem pregada no tablier, e o fado "da mariquinhas" sintonizado bem alto na radio Amália. A acrescentar, o próprio figurino, nos seu 50 anos, magro, comido pelo tempo, cabelo fraco mas meio lambido para trás, voz arrastada das noites de bagaço, prendam-me a alvorada num vibrante "bom dia a despachar que tenho que fazer".

E assim, neste cenário de "Deus, Pátria e Família" (+Benfica), enquanto Amália se esganiça e apoquenta com a devoluta casa mariquinhas, sorri para mim e mais uma vez me despedi de uma cidade que ainda dorme.

(Uma vez aqui, calhar-me-ia um taxista magrebino, sem fado, sem moustache, sem piada, sem nada e recordei-me porque é que somos um povo "anti crise").

Comboio

Quando ando de comboio constato que todos somos personagens de um grande livro. E há com cada personagem, cada estória em cada rosto, cada silaba em cada expressão...gente é coisa gira.

Romeu e Julieta

Observando casais que andam aqui a cirandar é impressionante como na selva urbana parecem encaixar em si como peças de um puzzle. O beto com a beta, o chick com a chick(a), o freak com a freak (a), o intelectual com a intlectual(a). Nao haveria swing possível e nao haveria outra combinação possível, no que ao aspecto diz respeito. Sera significativo para o resto que somos? O que vale a imagem afinal numa relação? Somos educados para dizer que a imagem vale menos, mas o que o meus olhos vêm é que a imagem é o "matching point" ou então é só coincidência, o certo é que, aqui, não ha Romeu sem Julieta.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Carpe Diem

Se há coisa chata na vida é a (falta de) percepção dos momento em que estamos a atravessar.

Nem nenhuma crise, nem nenhum sucesso duram para sempre, o tempo encarrega-se de “normalizar” tudo e a dificuldade da percepção esbarra precisamente nessa fronteira.

Quantas vezes partimos de uma situação de crise e, por vezes tanto tempo depois, é que realizamos que afinal já não há crise? Quantas vezes o sentimento que nos puxa para o miserável é o que nos esta a ofuscar a vista do bem estar ali ao lado?

O contrario é ainda mais verdade...quanto tempo dura a “bazofia” pós sucesso? Por quanto tempo conseguimos viver um presente medíocre agarrados a grandes feitos do passado? Quanto tempo demora a perceber que afinal o que éramos já não somos?

Diria, por experiência, que nos bons e nos maus momentos estamos a salvo...nos bons, porque estamos numa boa altura e com boa capacidade de decisão, nos maus, porque sentimos que estamos mal e evitamos decidir. O problema aparece no meio desses estados de alma de difícil contorno e que por vezes nos leva a tomar mas decisões ou pior, decisão nenhuma.

O problema surge sempre porque estamos programados para discernir o “bom” do “mau” por comparação...ou seja, só temos noção que este gelado é bom porque já comemos pior e vice-versa e é esse mecanismo experimentalista que nos torna reféns do presente – So no futuro vamos ter a confirmação se o momento em que estamos hoje foi afinal bom ou mau, um alto ou baixo.

Esses altos e baixo são relativos...afinal de contas tudo depende daquilo que será a nossa vida e nada é liquido e garantido, o mau de hoje pode mesmo tornar-se pior e bom ainda melhor e provavelmente apenas quem nunca se riu do passado ou sentiu saudades de um ou outro momento é que não percebe do que estou a falar.

“Carpe diem”.

Liberal

Antes de mais paz à sua alma e importa referir que foram abjectas algumas das reacções das pessoas face, mais do que tudo, ao falecimento de um ser humano. 

Independentemente de não concordar com muitas as suas ideias e de achar que perdeu muitas boas oportunidades de ficar calado, por António Borges, tinha o maior respeito, mais que não seja pelo seu percurso.

Deixando a pessoa que foi para trás e focando-me nas reacções, uma grande maioria realçou a sua "liberdade", "frontalidade" e destacou muito positivamente o facto de ter trabalhado "até ao fim". Se fosse ha 10 anos atras, provavelmente eu veria algo positivo nisso, mas hoje (arriscando dizer que já tenho alguma experiência), acho que é mesmo só parvoíce e tristeza.

Tristeza, porque custa-me saber que para alguém casado e com 4 filhos (e sem carências económicas conhecidas), o mais importante da vida seja o trabalho. Parvoíce, porque ainda ha o espirito do insubstituível e nem na recta final sabemos quando parar. Afinal trabalhamos para viver ou vivemos para trabalhar?

Cada um terá a sua opinião, mas na certeza que o "fillet mígnon" da vida esta mais nos nossos sonhos e nas pessoas que temos a nosso lado, é uma pena que os nossos últimos tempos não sejam passados a riscar a lista do "to do" que todos temos.

António Borges era um liberal e morreu como um herói dos liberais, mas numa altura em que um outro jovem morreu na teia do liberalismo (o tal estagiário em Londres) e em que todos temos levado "pancada", é boa ocasião para pensarmos no que afinal é importante e para não nos esquecermos que o homem será sempre "do tamanho dos seus sonhos".

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Mini Milk

Se há coisa que devia ser levada a sério é aquilo do Ricardo Reis (“Põe quanto És no Mínimo que Fazes”) ou por outras palavras, “sê fiel a ti próprio”.

E isso faz-me lembrar a historia de um conhecido que numa altura mais nublada da vida se deixou envolver com alguém de quem não lhe dizia muito , com eventual sensação de culpa por se achar superior aquilo e talvez  por sentir tudo como demasiado passageiro, e que num golpe do destino se vê ele surpreendido e deixado por essa mesma pessoa  (o chamado manguito da vida). Se é sempre mau o sentimento de se ser excluído, ser-se excluído por alguém que não se tem em grande conta é ainda pior e se nublado estava, mais nublado ficou.

Portanto, da próxima vez que sentirem que talvez um “mini milk” vos deixe satisfeito quando o vosso target é “corneto”, é provável que não só não fiquem não satisfeitos como ainda possam sair nauseados. Ahh e também não vale a pena comer “mini milk” em barda. Pode encher a barriga, mas não da alimento.