terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Ano novo

A vida dá um sem fim de oportunidades, contudo, invisíveis e é preciso rasgar a camada superficial da vida  para as percerbemos. Tal e qual uma mina de ouro debaixo dos nossos pés...se ficarmos parados nunca a vamos descobrir.  É preciso agarrar na picareta. 

Acredito que o "destino" nos cruze e nos coloque  desígnios no caminho, contudo, também acredito que é a nossa vontade de trilhar um determinado caminho que pode rasgar essa camada superficial e abrir um caminho de riqueza emocional , com o risco de que se nada fizermos, nada de fantástico nos vai acontecer.

Os meus votos de ano novo, é que cada um de nos seja capaz de trilhar o seu caminho e que tenha garras para rasgar as camadas superficiais da vida e encontrar todo um mundo de oportunidades.

Podemos ser fantatiscos, mas se ficarmos parados em casa a ver TV, é a mesma coisa que sermos a mais básica amiba. A maior das masmorras, é da camisa de forças que vestimos a nós mesmos por pensar em pequeno. Como diria Zapata, mais vale morrer de pé do que viver de joelhos - arrisquem. 

sábado, 28 de dezembro de 2013

Sem Natal

As reportagens e a histórias de pobres e enjeitados, pintados de tristes "só" porque não têm Natal, enjoa. Enjoa, especialmente, porque é uma criação, um querer fazer acreditar que só aqueles "desgraçados" é que não têm Natal, o resto do mundo sim, e feliz.

O que não falta no mundo é gente sem Natal ora porque está a trabalhar, ou porque esta fora, ou que não tendo motivo nenhum, simplesmente não tem porque não tem. Vende-se muito a ideia do Natal em família e perfeito, mas estou em crer que ha, no mundo, mais famílias desfuncionais que perfeitas e como tal, deixe-mo-nos de comiseração, porque chato (infeliz) é ser pobre e miserável o ano inteiro e não apenas numa noite por ano.

E pronto, é esta a mensagem de Natal do Sujeito, com predicado (sejamos pragmáticos e olhemos a vida de frente e não a olhar para baixo).

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Euforia do regresso

Um pouco por todo o lado, as mensagens eufóricas daqueles que andam por esse mundo fora e agora se vêem a horas de embarcar para Portugal para a pausa se Natal, espalham-se pela internet.

Compreendo muito bem (porque já senti na pele), essa euforia de voltar ao mais próximo que se tem de lar. Embora pareça fácil, até pelas fotos de jantares de lagosta ou praia em dezembro, é de facto difícil e a euforia só é justificada pela dimensão das dificuldades.

Passar muito tempo, demasiado talvez, em determinadas geografias tem essa propriedade - a de se ficar eufórico com o que seria nosso por direito. A típica "regra" do perder para valorizar.

Por outro lado, os que já cá estão, e bem, nunca conseguem sentir a euforia de recuperar nem que seja por pouco tempo, aquilo que nunca perderam.
Voltamos à temática de saber aproveitar o que temos e quando temos, será verdadeiramente possível ou é preciso a chamada experiência de vida para perceber isso tudo? 

Vale a pena os baixos para valorizar (ainda mais) o altos? Existirá mesmo  uma "mediocridade monótona na regularidade"?

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Casa


Chegar, ao fim de semanas,  e ser recebido pela Sra do check-in tal com familiaridade tal que parece que sai dali ontem deixou-me com o sentimento confortavel de ser reconhecido como “o filho que torna a casa” e por outro lado com o reconhecimento triste que isso, provavelmente , se deve ao facto de ter passado demasiadas noites ali (não tantas para experimentar todos os quartos, mas quase).  
 
E isso, de me “sentir em casa” num hotel, não pode ser coisa boa.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Estar so, sem estar so

A proposito da morte de Mandela, o homem que esteve casado 34 anos com uma mulher, dos quais 30 preso,  e de quem se divorciou apenas 2 anos depois de libertado. Alegadamente tera dito que “foi o homem mais solitario do mundo nos dois anos apos a liberdade”.

Fernando Pessoa abordou o tema. Hemingway também -  A pior das solidões é aquela que se vive acompanhado.

É de facto significante. Alguem que viveu 30 anos em condições de isolamento, achar (alegadamente) que mais solitario do que estar so, é estar so ao lado de alguém. 

Aparentemente a pior das masmorras não é da solidão per si – essa parece que se aceita, mas sim  a da solidão de se estar acompanhado sem estar. De esperar e não ter. De ser suposto e não ser.
No fundo, é tudo uma questão de expectativa (porra, somos mesmo pavlovianos).

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Madiba

Agora que o Madiba Mandela morreu, as pessoas vão chorar, vão publicar mensagenes de condolências, vão bater em latas, vão fazer homenagens, vão anunciar a sua grande obra (ainda que a maioria ignore ao certo qual foi) e vão dizer que o mundo fica mais pobre.

O mundo contudo não fica mais pobre, porque nunca deixou de o ser, uma vez que amanha (ou logo), as mesmas pessoas vão continuar a comer o seu jantarinho enquanto passam desigualdades na TV e vão dizer que é muita pena ser assim, mas que não podem fazer nada, uma vez que aparentemente aceitam bem que nascemos desiguais e como tal teremos vidas desiguais. As mensagens são bonitas, porem inuteis quando desprovidas de acções.

Madiba, foste grande e abdicaste de muito em prole de uma causa, porem e embora oficialmente muitas das desigualdades tenham pomposamente terminado, continuamos (uns mais que outros), a viver agrilhoados pelo flagelo da desigualdade.

Por isso, seria positivo que, por uma vez que fosse, aqueles que se estão nas tintas para os que sucumbem em Africa e e noutros sitios, se calassem e deixassem hoje a hipocria de lado e que evitassem verborreias acerca de opressão e racismo, mais que não fosse por respeito ao defunto.

E é isto. Provavelmente daqui a um ano havera um concerto em Wimbledon para celebrar a efemeride e haverão foguetes e o  Bono dos U2 ira fazer uma musica para o evento e tudo.


Depois, a coisa vai-se diluir no tempo e devera ficar restrita a uma casa museu e a umas canecas com a cara do Madiba. O mundo....o mundo continuara desigual (como si mesmo)...


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O comboio

Na vida é comum dizermos que, se fosse hoje, fazia diferente. E esse se é importante, porque surge depois da acção, ou seja...só conseguimos aferir o real peso das nossas acções e decisões depois de elas estarem tomadas, quando já "é tarde".

É isso e uma certa incapacidade humana para detectar os problemas enquanto ainda não o são verdadeiramente, ou seja, a importância  do problema só nos percorre a espinha quando percebemos que o mesmo já não será resoluvel de forma  pacífica.

Até lá, procrastinamos...adiamos demasiadas vezes decisões resolutivas, acomodamo-nos demasiadamente a habituações que só avultam a matéria e escondem a vida. Apanhamos o comboio da rotina até ao dia em que ele descarrila e em que somos chamados a acordar é a perceber que podíamos ter saído ha 10 estações atrás. 


Fica para um dia...esse dia pode ser tarde demais. O "hoje" devia ser um dia demasiado importante para o ocupar demasiadamente a pensar no "amanhã". Até porque os planos, são a única certeza pela qual a vida não passará.