quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O tempo

Se há coisa extremamente frustrante é o tempo. E não falo do tempo a passar , falo do efeito que o tempo tem sobre o passado.

Por defeito, falta de capacidade, ou mecanismo de defesa, o nosso córtex , ao longo do tempo tende a eliminar as coisas mas da vida e na memoria ficam apenas as boas. Excluindo, obviamente, os eventos traumáticos , o tempo é uma varinha magica que transforma tudo em cor-de-rosa.

E isto é muito chato. É chato porque sempre que perdemos algo na vida, indubitavelmente se desvanecem os defeitos e emergem as virtudes imensas. Este sentimento de “nostalgia” ou “memoria curta” é algo que nos faz recordar o bom do passado, transforma-lo em excelente, e ao mesmo tempo esquecer o mau. E isto pode constituir prejuízo, porque é óbvio que um passado glorioso pode ofuscar o presente. É óbvio que um passado idílico pode rebentar o agradável do momento e é óbvio que “tentativas de repetição” sairão sempre ao lado (ainda que se repitam mesmo).

E esta coisa é frustrante, porque pode transformar um passado que nem foi nada de especial em algo especial...e isso, cá para mim, é o pior – a dificuldade de discernir se aquilo que aconteceu la atrás em 1986 foi mesmo giro ou se é apenas este “tempo”.

Para os que acham que não é assim....não me lixem! Toda a gente tem recordações de infância, da escola, da tropa, de África, da faculdade, da catequese ou da ditadura e diz a miude , “ahh, aquilo é que foram tempos”.

Lendo, falando e vendo fotos, parece que toda a gente teve um passado ultra glorioso, quando na verdade até podem ter vivido a mais banal vida. Conta-se pelos dedos os vencidos da vida e até esses que se entregam ao fado, tendem em engrandecer a desgraça.

(bem e agora vou ali comprar uma baguette e ouvir “recordar é viver” do Sr. Vítor Espadinha)

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Churrasco

Um dos momentos mais embaraçantes de que guardo memoria envolve entremeadas, febras e musica pimba. 

Ao contrario do que se pensa, a verdadeira supremacia de um homem e aquilo pelo qual têm que lutar para granjear reconhecimento pelos seus pares, mulheres e crianças não esta relacionado nem com capacidades desportivas, nem intelectuais, nem tão pouco com sucesso profissional ou pujança financeira. Tudo se resume a CHURRASCO.

É isso, um homem pode ser o supra sumo no quer que seja , que se não se afirmar na técnica do churrasco esta inevitavelmente rotulado de flop.

E quem não acredita nisto, é porque nunca foi, como eu, a uma festa do tipo “fim de ano da escola”. Neste micro ambiente parental de menus a base de febra, sardinha e entremeadas, toda a atenção esta centrada no assador e é ver os verdadeiros reis do churrasco a degladiarem-se entre si num sem fim de bitaites e técnicas de assadura para ver quem se assume como líder e responsável máximo pela churrasco (inclusive a decidir, entre outras coisas, quando é que carne esta no ponto ou não). Eu assumo, as minhas técnicas de churrasco são as básicas (e até há uns meses achava que eram as necessárias)...erro meu, em vez de livros de técnica e abstracção, devia-me ter dedicado a arte do churrasco desde pequenino e assim teria evitado passar vergonhas. É um facto, sou, do ponto de vista dos outros progenitores, um flop. A minha filha será, certamente, alvo de preocupação e lamento por ter tido a “sorte” de lhe calhar um pai como eu.

O facto é que naquele maralhal de verdadeiros sabedores da febra, retai-me e nem uma entremeada assei - fiz indubitavelmente parte do grande numero de falhados (para além das mulheres e crianças) que ficou só a comer e a beber. E senti isso na pele como se um ferro em brasa me fosse marcado. Senti os óbvios olhares desprezo por parte dos pais churrascões, senti os claros olhares reprovadores por parte das fêmeas aleivosas e senti o olhar incompreendido das crianças para com um homem que não se dignou a ter o espeto na mão. Se tivesse um buraco, teria-me enfiado la e nem valeu a pena tentar fazer o pino ou recitar Herculano - a triste verdade é que cada dentada que dei ao som daquela musica de Quim, foi como se fosse uma cria a ser alimentada pela mãe.

Portanto eu tenho um sonho (como o outro) e esse sonho passa por eu, de avental sexy, a dominar a assadura e debitar salsichas e coiratos em barda e, homens, ouçam o que eu vos digo....se querem ser o orgulho dos vossos filhos, mulheres e avós, esqueçam tudo e concentrem-se no churrasco. Para as senhoras também deixo uma recomendação...concentrem-se na sobremesa (penso que as explicações se dispensam) e tudo o resto é conversa.

Taxistas de Paris

Os taxistas que me perdoem...mas a maioria de vocês são gatunos. São gatunos e a humanidade já aceitou isso como natural, pelo que andar se taxi é sempre uma viagem que acaba comigo a agradecer a quem me gamou. Até ai tudo bem, o que eu não suporto mesmo é cheiro horrível a alfazema que parece ser o equivalente francês ao cheiro a nicotina de alguns taxis lisboetas. Prefiro a nicotina, sempre me deixa mais letárgico e já que é para ser enganado, que seja pelo Zé Manuel taxista que é Benfica, usa a unha do dedo mindinho grande e tem estorias de "gajas", do que por um taxista petulante que se chama Bernard e adora música clássica.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Bombeira

O falecimento em serviço de uma bombeira de 24 anos, que deixa uma filha de 4, é sempre algo que choca e que nos deveria fazer pensar nas nossas prioridades. Se por um lado temos dos politicos mais calculistas do mundo e em que vale tudo (até tirar olhos), depois ha pessoas assim, mais altruistas e que se vão, provavelmente,sem estarem lixadas por não ter a mala Channel (leia-se consumo em geral).

Esta certo que as condições são muito dificeis, mas também ja as foram, por exemplo, na construção civil e hoje em dia o numero de incidentes fatais, é, felizmente muito reduzido e a tolerancia muito pouca. As condições dificeis nunca podem ser a desculpa para tantos incidentes,mas pronto, ainda um destes dias vou dizer o que penso acerca da politica para as corporações de bombeiros e combate a fogos florestais (deixem la passar os fogos).

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Emigrar ou empobrecer?

Ha tempos, com o panorama da crise e emigração “a la carte”, discutia com um amigo a coisa das relações e a emigração...discutíamos, sobre diferentes pontos de vista (excluindo os que emigram como opção de vida e focando-nos apenas naqueles que o fazem fundamentalmente apenas por motivos profissionais e financeiros), as vantagens e desvantagens e os efeitos na vida pratica. Resumidamente, os pontos debatidos foram estes:

- A emigração pode funcionar como um catalisador e trazer, com maior poder económico, novas e boas sensações ao casal e também suprir certas dificuldades e fazer esquecer muitos dos problemas que afectam os comuns dos mortais. Pode ainda, permitir certos projectos de futuro e alimentar as esperanças e desejos das pessoas. A emigração funciona assim como uma ferramenta a favor do casal e vem eliminar potenciais problemas.

- A emigração cria, forçosamente, uma separação física entre duas pessoas e vem criar novos desafios para que pequenos nadas se tornem tudo e para que uma ligação emocional não se desvaneça. O amor é lindo, mas dependendo das condições da dita emigração, a mesma pode implicar longas ausências e é provável que apareça algum desgaste, natural, e nessa medida a emigração constitui, sem duvida, um risco e novos desafios para uma relação e obriga a cuidado acrescido para manter a chama.

- Assumindo que a alternativa à emigração é uma vida financeiramente mais pobre e despida de alguns bens materiais, um decrescimento económico pode vir inibir certos mimos, confortos ou até a sustentabilidade. Estas faltas, provocarão, certamente, um sentimento de privação e frustração, que por sua vez pode trazer novas tensões e conflitos que estariam de outro modo adormecidos. Afinal de contas uma vida de privações transtorna qualquer um, quanto mais conciliar isso a dois. A não emigração e consequente decrescimento económico, constitui portanto também um risco e novos desafios para uma relação.

- Pior que a emigração é a falta de ideias, de mobilização, de iniciativas e a rotina e monotonia provocada pelas actuais condições do mercado de trabalho, em crise, leva a uma também distancia e falta, com tudo o que dai advém e como tal a não emigração nas actuais condições, é so per si "meia emigração".

- Com ou sem decrescimento, com ou sem emigração, o maior desafio de uma relação é vencer o dia a dia e evitar a monotonia e enfrentar os problemas e o como tal tudo depende das pessoas e da maneira como encaixam e tudo o resto sao apenas factores ambientais, que podem influenciar, mas não são determinantes.

No actual panorama e circunstancias, gostaria de saber a vossa opinião.

Paris

Confesso...houve um tempo em que tinha um encanto por Paris...depois veio o tempo em que o encanto se tornou real e deu lugar a excitação (ia 3 vezes por semana à Rue de Bach e atravessava o jardim das tuilleries com frequência).

Depois da excitação, veio a normalidade ( passei a ir uma vez por semana).

Agora...arrasto-me pelas ruas num movimento de formiga para lá e para ca. 

A vida, é, afinal, na cidade luz igual a todas as outras todas nesse mundo fora. Na mesma rua onde Asiáticos passeiam alegres e tiram fotos, Mário de Sá Carneiro achou, ainda antes dos 30, que já chegava de bordel. Porque o bom e o mau não dependem (ou dependem pouco) do local e porque quero acreditar, tipo mesmo, que ha coisas que não são efémeras e que duram, vá lá, para sempre, esta visto que o segredo não esta onde nem quando, mas com quem!

(Mais importante que escolher o modelo taxi é olhar para a cara do motorista)

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Lorenzo

Voltando ao maior tema da actualidade (e quiçá o mais importante)...na perspectiva de Lorenzo:

Lorenzo, és o maior. Ninguém escolhe onde nasce e tu tiveste o destino de nascer rico e tentas aproveitar isso. Não diria que tiveste sorte, porque falta-me a certeza de te saber feliz, mas tu fazes da tua vida aquilo que entenderes fazer e faças o que fizeres serás sempre criticado. 

Acho apenas que entre as festas (para as quais lamentavelmente nunca fui convidado) e as corridas , devias aprender qualquer coisa de como falar em publico ou então não falares de todo, coisa que te recomendo vivamente, até porque mais vale ficar calado e parecer estúpido do que abrir a boca e confirmar isso mesmo.

Judite Sousa

Voltando ao maior tema da actualidade (e quiçá o mais importante)...na perspectiva de Judite Sousa:

Uma coisa que me faz confusão, como já tive oportunidade de afirmar, é a ira anti Judite Sousa após uma péssima entrevista a um mamífero endinheirado. A senhora já reconheceu que esteve mal, já mostrou arrependimento...mas a malta quer mais...querem a cabeça, querem sangue. 

Diria que a Judite, numa ânsia de Robin dos Bosques em cuecas, esteve mal não só na entrevista mas logo ao aceitar fazê-la. Num Portugal com boa parte de gente fraca e invejosa (mas também muita gente estropiada e injustiçada) era óbvio que as reacções seriam sempre mas (neste caso apoiam o jovem, se ela tivesse sido meiga, diriam que ela apoia a futilidade e etc), contudo e uma vez que nem o perfil da mulher traída, humilhada e abusada pelo marido poderoso (e isso vale muito) acalma a ira das pessoas que voluntariamente decidiram apoiar o jovem bilionário, acho que esta fúria sem demanda só revela que o povo tem o que merece (já naquela historia de Jesus o decidiram crucificar e depois deu no que deu).

Tudo isto é ainda mais estranho, se tivermos em conta que falamos do povo que é brando e tolera variados tipo de abusos.

Não será que o povo esta a fazer da Judite aquilo que a Judite fez ao moço (a aproveitar-se das fraquezas)?

Perdoai senhores!

Fernando Seara

Voltando ao maior tema da actualidade (e quiçá o mais importante)...na perspectiva de Fernando Seara:

Um destacado periódico noticia (com pompa) que Fernando Seara esteve presente na festa do Pontal sozinho e com semblante triste. 

Eu, se fosse ele, não estaria la nem com semblante triste nem sozinho. Isso, porque não iria la. O tempo tudo cura e não quero dizer que a carreira politica de Fernando Seara tenha terminado para sempre, mas uma coisa é certa: A candidatura de Fernando Seara a CML esta condenada.

Praticamente condenada já ela estava (existe um efeito de magneto entre o povo e o António Costa), mas um processo de divorcio de uma figura publica e que, a confirmar-se, se deve ao facto de Fernando Seara andar envolvido com uma vereadora há cerca de um ano e meio, arrasa tudo. Funciona como uma espécie de Napalm politico.

Até pode ser que Fernando Seara seja apenas humano e que não tenha resistido ao ímpeto do amor, mas ser isso ou ser uma relação do tipo “canalha que anda a comer a secretaria” , vai dar ao mesmo. Para a opinião publica, esse tipo de comportamento será sempre visto como uma falha grave de carácter, - que o é (se enganou mais de um ano a mulher, imaginem o que pode fazer ao povo), e na hora da verdade estou absolutamente certo que nem os lisboetas infiéis lhe vão o voto de confiança (nunca ser infiel significou que se aprecie a infidelidade).

E é assim, andou Fernando Seara a construir uma imagem solida e isenta durante anos, para depois ser arrastado num vórtice daquilo que afinal era. Que os políticos não são o que parecem, toda a gente sabe, mas uma coisa é haver essa noção e outra é isso ser palpável. O timing foi o pior para o Fernando Seara, contudo não se lhe pode chamar de azar. Na politica não lugar a separação entre vida pessoal e profissional.

Menino

Já sabemos que a época é Silly...agora não sei que o que é mais triste...se é haver uma jornalista que quer "educar" um playboy bon vivant, se é o facto de isso ser toda e principal notícia. O menino foi de facto martirizado, mas não vamos crucificar a senhora e são dispensáveis os comentários de ódio... Esse episódio foi aquilo que se pode classificar de "parvoíce", o resto só revela a boa tendência portuguesa para termos pena do coitadinho (já nem precisa de ser pobre e oprimido, até pode ser rico e esbanjador, se sofrer...o povo ajuda).

Horoscopo

Confesso que estou preocupado...não tenho por habito ler e seguir horóscopos, mas hoje reparei no meu para esta semana e as previsões são avassaladoras. 

Eu, que tenho sentido que ter lido o meu horóscopo com um ano de antecedência teria sido a mesma coisa que ver, na melhor das hipóteses, um filme de Woody Allen, ou, na pior, um de Ingmar Bergman, constato hoje que o que astros me dizem é para "ter cuidado com o picante e as comidas condimentadas". Eu à espera de grandes dicas sentimentais ou financeiras e o que recebo é um aviso para não comer caril.

No fundo no fundo, segundo os astros, o segredo da felicidade passará em grande medida põe evitar o hemorroidal.

E ainda dizem que ler horóscopos é inútil, se hoje estou sentado e de sorriso nos lábios a escrever isto...é graças a quem?

Merci, anh!

Amor cego

Dizem que o amor é cego...eu acho que é como gripe. 

Reparem:

É altamente provável que mais cedo ou mais tarde a maioria das pessoas o contraia (pelo menos uma vez nada vida)

É contagiante;

So o tempo cura;

Ninguém lhe é imune;

Os efeitos e sintomas variam de indivíduo para indivíduo;

Pode aparecer do nada e sem aviso;

Pode passar rápido ou pode demorar a passar;

Da febre alta;

No limite, pode matar.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Queixam

Aos que se queixam:

Hoje houve um problema técnico no tramway (ou matou-se alguém que achou que ja chegava).
Resultado –> Circulação de Tramway interrompida;

Solução da RATP (metropolitano de Paris) –> Nenhuma;

Efeitos –>Pessoas completamente empanadas, sem informação nenhumas,  nem em francês, nem inglês, nem em swalli.

Minha solução: Apanhar um autocarro e fazer-me a estrada de forma estóica e agradecido da vida por ter tido a oportunidade de me desenrascar sozinho, qual Bear Grylls.


Conclusão/Concelho: Parem de se queixar e sorriam para chuchu.

Paris, França VS Lisboa, Portugal

Diferenças Paris, França VS Lisboa, Portugal numa obra de reparação de escada rolante:

Lisboa -> Não existe manutenção prevista, a escada a avaria, os técnicos dizem só poder vir dai a um mês, embora afinal apareçam no dia seguinte (para surpresa e gáudio de todos).  O prazo da reparação é “imprevisto” mas nunca superior a “um dia” e a obra acaba por ficar concluída em duas semanas.  Paralelamente as pessoas queixam-se, irritam-se, ofendem os técnicos, culpam o Passos e dizem que é uma vergonha e que não pode ser.

Paris -> A escada nunca funcionou bem embora tenha manutenção prevista. São previstos dois meses meses para o prazo manutenção e (surpreendentemente) a obra fica concluída em dois meses.  Apesar de ser uma estação central e de nem haver alternativa para opolentos, preguiçosos e coxos, ninguém se queixa, dizem que assim esta muito bem, são os maiores, têm orgulho (embora digam mal na mesma do Hollande).

Conclusão 1: Em Lisboa o dia-a-dia tem muito mais piada e “vida” e isso não é valorizado. Os nossos profissionais so falham no planeamento, o resto é excelente.


Conclusão 2: Não interessa se demora muito, se pouco, se é bom ou se é mau. O premier será sempre ofendido.

Petit dejeuner

Um colega meu, que vai sair desta empresa , decidiu promover um petit-dejeuner  de despedida (na minha terra era no mínimo uma jantarada bem regada, mas pronto – culturas). Isto fez-me recordar um outro pequeno-almoço de um outro tempo.  Um tempo em que uma  empresa, já extinta,  organizou um pequeno- almoço, com croissants e tudo, para informar que estava ultra confiante nos sinais (das estrelas talvez, porque do mercado não vinham nenhuns) e que se abalançava para ser, ainda mais, de topo. De topo só veio depois a crise, os ordenados em atraso e por fim um definhar triste, contudo aqueles hidratos de carbono matinais e toda aquela confiança epicurista tornaram o momento indelével (e só por isso valeu a pena ). 

Tudo isto (e sou de boa memoria), me fez sentir que,  mesmo considerando alguns faustosos breakfast em hotéis por esse mundo fora,  o melhor-pequeno almoço de sempre, terão sido todos os que tomei em NY. A variedade era bagels com bagels e quiçá butter – mas esta visto que mais importante que a soma das partes é o todo e que a vida tem coisas giras ao pequeno almoço.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Emigração


Em Portugal fala-se de emigração como quem fala de bacalhau com natas. Vamos la a ver uma coisa – Emigrar é tramado e é coisa para mudar a vida de muito boa gente de forma irrevogável (mas mesmo). Portanto ante de se “amandarem”, convém sempre pensar um bocado, estilo “vale mesmo a pena tudo o que vou perder face ao que vou ganhar?”, “é isto quero para a minha vida”, “tenho ideia dos riscos?”, “tenho alternativas?”.

É por se olhar para coisas sérias da mesma maneira que alguns trolhas (ok, e não só) olham para o rabo de algumas miúdas que volta e meia se ouve falar de um português escravizado, ou mal pago e pardais ao ninho. Isso e saber de pessoas que ganham misérias, vivem na miséria (pior que o seu estado inicial leia-se) e movem-se apenas porque alguém lhes acena a “cenoura” da carreira, "sacrifícios compensam" e rebebebeu.

Sofremos, tipo muito, de um complexo de “pais no sul da Europa a portas meias com África” que nos faz pensar que la fora é que é. Na Europa é que é, em África é que é, Brasil é que é, Japão é que é.

Meus caros, não é – a não serem as excepções, a vida “la fora” pode ser brutalmente dura e não compensar um sotaque francês horrível ou um BMW do tunning ou a sensação de não se ser de lado nenhum.

Aos insatisfeitos da tugolandia, prescrevo bifanas e minis, que deve passar. Se não chegar, apanhem sol.

Cousas

Cousas giras que chegam a mim:

"Empresa arménia importa e comercializa diferentes tipos de alimentos como batatas fritas, pés de bezerro congelados. A empresa oferece-se como intermediário de comércio"

Semana

Mais uma pela fresquinha, que foi para começar bem a semana.

Notas:

1 - Senhores turistas, informem-se antes de ir para o aeroporto acerca das regras de funcionamento da coisa - é inútil tentar embarcar com garrafas de agua, sumo, leite e sabe-se la mais o que. Ja agora lembrem-se de deixar o canivete suíço em casa e evitem ir para o aeroporto com 4 horas de antecedência - Isso só vai atrapalhar quem chega apenas 30 minutos antes.

2 - Nada me satisfaz mais do que aterrar em Lisboa e o motivo é simples: Após passagem pelo "corredor" das alfandegas, subitamente desembocamos num mega hall com gente faminta de outra gente, cartazes, letreiros, festa. Podem não estar la a minha espera, mas sabe bem na mesma e só tenho pena que o efeito rotina esteja a matar este efeito "estomago a sair pela boca" ou "saiam me da frente que vou partir isto tudo".

Toureiro

Irónico e inglório que alguém que desafia o destino e tem uma profissão de risco (toureiro), fique gravemente ferido num programa de danças da TVI. 

Triste, malta anti "aficion"ficar feliz por isso e achar que foi merecido (até compreendo que quem participa e vê estes programas TVI seja castigado, mas isto é um bocado demasiado).

Nice Day

Duvida existencial do dia:

Se eu disser que "a vida é como uma grande montanha russa (tipo KingDa Ka) e que quanto mais alto subires, mais cedo ou mais tarde, vais cair e a pique", isso é um grande cliché? 

Aparte da constatação clicheziana, parece-me clarividente que mais vale sempre subir, sabendo do risco da queda, do que viver sempre "por baixo". Afinal de contas os melhores caminhos são aos sobressaltos.

E não, isto não é um apontamento interpretativamente/estritamente pessoal meu, apenas "notas soltas na carteira de um magnata de pensamentos", lol.

Have a nice day!

Festivais

Após uma breve navegação, constato facilmente que sou o único individuo que conheço, que com menos de 35 anos não foi este ano (nem outro ano) a nenhum festival de verão. 

Anda alguma coisa a passar-me ao lado ou serei apenas careta (estar velho não se aplica neste caso)?

Tramway

Tramway avariado em plena via e a solução encontrada foi despejar as pessoas pela linha e andar cerca de 1 km pelo balastro. Like it.

Baguette

Um homem e a sua baguette. A mesma que mais tarde usei para bater num magrebino que me queria incomodar e a mesma que usei como "vara" para apanhar um bilhete de metro caído ao chão. Foi ainda a mesma que usei como jantar. Avec fromage du chevre et vin.